Caminhos do sul (1949)

Brasil (RJ)
Longa-metragem | Ficção
35 mm, pb

Direção: Fernando de Barros.
Companhia produtora: Capital Filmes S.A.

Primeira exibição: Rio de Janeiro (DF), Odeon (Cinelândia) + Ideal (Centro) + São Luiz + Rian + Carioca, 19 dez 1949, seg, 14h
Primeira exibição RS: Porto Alegre (RS), Vera Cruz, 7 abr 1950, sex (para Clube de Cinema de Porto Alegre)

 

Filme desaparecido.

Ficha técnica


ELENCO
Maria Della Costa (Paulina), Tônia Carrero (Helena),
Roberto Acácio (João Castiano), Orlando Villar (Vicente),
Luiza Barreto Leite (Ricarda), Sady Cabral (Ambrosio), Cláudio Nonelli (Tulio), Jackson de Souza (Ratão), Eduardo Inda (Joca), Ivan Lessa (José), Marlene (Chilena), Galileu Inda (chefe dos guardas).

DIREÇÃO
Direção: Fernando de Barros.
Assistência de direção: Salomão Scliar.
Ajudante da direção: Tony França.

ROTEIRO
Inspirado no romance homônimo de Ivan Pedro de Martins.
Roteiro: Fernando de Barros, Andrea di Robilant.
Diálogos: José Amádio.

PRODUÇÃO
Direção de produção: Andrea di Robilant.
Assistência de produção: Giuseppe Baldocconi.
Administração: dr. Freitas Paranhos.

FOTOGRAFIA
Direção de fotografia e operação de câmera: Hélio Barrozo Netto.
Iluminação exterior e operação de câmera: Salomão Scliar.
Iluminação interior: George Fanto.
Ajudante de operador: José Queiroz.
Chefe eletricista: Rubem Bandeira.

Fotografia de cena: Salomão Scliar.

ARTE
Decoração: Silvio Jannusi.

SOM
Som: Aloizio Jardim Caldas.

MÚSICA
Partitura musical: Walter Schultz Porto Alegre.

Músicas:
• "Felicidade" (música, letra: Lupicínio Rodrigues; toada), cantarolada pelo personagem João Castiano (cf. LESSA, 13 abr 1950)
• "Noches de vigilia" (música: Bil Pastor, letra: Eduardo Inda; tango)

FINALIZAÇÃO
Montagem: Mario del Rio.

MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Capital Filmes S.A. (Rio de Janeiro).

FILMAGENS
Brasil / RS, em Uruguaiana, exteriores;
Brasil / RJ, no Rio de Janeiro [capital federal], interiores nos estúdios da S/A Cinematográfica Sol Brasileira (R. Argentina 51, em São Cristóvão).
Período: RS: outubro e novembro de 1948.

ASPECTOS TÉCNICOS
Duração:
Metragem:
Número de rolos:
Som:
Imagem: pb
Proporção de tela: 1.33
Formato de captação: 35 mm
Formato de exibição: 35 mm

DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa: 18 anos.
Distribuição: UCB União Cinematográfica Brasileira.

PREMIAÇÃO
• Círculo de Estudos Cinematográficos, diplomas aos melhores filmes lançados no Rio em 1949: melhor filme + direção + roteiro [cenário] + atriz (Della Costa) + atriz coadjuvante (Leite, por Caminhos do sul + Terra violenta) + ator coadjuvante (Cabral) + fotografia + revelação masculina (Acácio + Villar).
• ABCC-RJ Associação Brasileira de Cronistas Cinematográficos 1949: melhor filme + direção + atriz (Della Costa).
• Prêmio da revista A Cena Muda referente a 1949: melhor filme + direção.

OBSERVAÇÕES
O livro, o qual foi baseado o filme, faz parte da "trilogia da campanha", formada por: Fronteira agreste (1944) + Caminhos do sul (1946) + Casas acolheradas (1946).
Houve "briga e tudo entre escritor e produtor, que não queria colocar negro na fita". (Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27-28 jul 1958, p.10, ano LXVIII, n.173.)
(...) um filme de amor e contrabando feito quase todo na estância do sr. Batista Luzardo, e, portanto, com violenta cor local. (...) (BRAGA, Rubem. Notas várias. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 26 mar 1949, p.3, ano XIX, n.8.103.)
Roteiro: Original datilografado, de Fernando de Barros, com ficha técnica, anotações, desenhos, encontra-se no MIS Museu da Imagem e do Som, São Paulo. Ao final do roteiro consta: "Copacabana 1948 – setembro. Fernando de Barros, Andrea di Robilant, José Amádio". Roteiro decupado em 542 planos.
Ivan Lessa, filho do escritor Orígenes Lessa.
Entrevista de G. Póvoas com Fernando de Barros em seu apartamento em São Paulo, meados dos anos 1990.

BIBLIOGRAFIA
MARTINS, Ivan Pedro de. Fronteira agreste. Porto Alegre: Globo, 1944. / 5.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1960.
MARTINS, Ivan Pedro de. Caminhos do sul. 1946. / 2.ed. 1984. / 3.ed.rev. Porto Alegre: Movimento, 1986. 187p.
MARTINS, Ivan Pedro de. Casas acolheradas. 1946. / 2.ed.rev. Porto Alegre: Movimento, 1986.

PAIVA, Salvyano Cavalcanti de. História ilustrada dos filmes brasileiros 1929-1988. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989, p.46-47.

Noticiário:
GOMES, Maya (texto); SCLIAR, Salomão (fotos). Começam as filmagens de Caminhos do sul. A Cena Muda, Rio de Janeiro, 3 ago 1948, p.6-9, 27, n.31.
SCLIAR, [Salomão] (fotos). Os exteriores de Caminhos do sul. A Cena Muda, Rio de Janeiro, 11 jan 1949, p.6-7, n.2.
Correio do Povo, Porto Alegre, 7 abr 1950, p.8.
Anúncio. Correio do Povo, Porto Alegre, 9 abr 1950, p.26.
Foto de cena de Maria Della Costa. Cinelândia, Rio de Janeiro, 1ª quinzena out 1955, p.50, n.70.
PFEIL, Antonio Jesus. Antologia do cinema gaúcho III. Cultura Contemporânea, Porto Alegre, 1º e 2º trimestres 1969, p.109-110, n.3.  (com 2 fotos).
Reunião de publicidade e 7 (sete) fotografias de cena de Salomão Scliar, reproduzidas em PÓVOAS, 2002, p.35.

Crítica:
BRAGA, Rubem. Uma tentativa. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 5 nov 1949, p.3, ano XX, n.8.294.
ELIACHAR, Leon. Um novo caminho para o cinema brasileiro: Caminhos do sul. A Cena Muda, Rio de Janeiro, 15 nov 1949, p.3, n.46.
BARCELOS, Hugo. Caminhos do sul. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 24 dez 1949, p.8, ano XX, n.8.336.
JONALD. Caminhos do sul. A Cena Muda, Rio de Janeiro, 27 dez 1949, p.12, n.52.
VIANY, Alex. Telas da cidade: Caminhos do sul. A Cena Muda, Rio de Janeiro, 10 jan 1950, p.4, v.30, n.2.
LESSA, Luiz Carlos. [crítica 1ª parte]. Correio do Povo, Porto Alegre, 11 abr 1950, p.8.
LESSA, Luiz Carlos. [crítica 2ª parte]. Correio do Povo, Porto Alegre, 13 abr 1950, p.8.
O. D. M.. Caminhos do sul. Jornal do Dia, Porto Alegre, 12 abr 1950, p.5, ano IV, n.966.
E. R. C.. Caminhos do sul. Jornal do Dia, Porto Alegre, 18 abr 1950, p.5, ano IV, n.971.
HAUER, Dario. No caminho do limite. A Cena Muda, Rio de Janeiro, 18 abr 1950, p.23, v.30, n.16.

Exibições


• Rio de Janeiro (DF), Odeon (Cinelândia), 19-25 dez 1949, seg-dom, 14h, 15h40, 17h20, 19h, 20h40, 22h20
• Rio de Janeiro (DF), Ideal (Centro), 19-25 dez 1949, seg-dom, 14h, 15h40, 17h20, 19h, 20h40, 22h20
• Rio de Janeiro (DF), São Luiz, 19-25 dez 1949, seg-dom, 14h, 15h40, 17h20, 19h, 20h40, 22h20
• Rio de Janeiro (DF), Rian, 19-25 dez 1949, seg-dom, 14h, 15h40, 17h20, 19h, 20h40, 22h20
• Rio de Janeiro (DF), Carioca, 19-25 dez 1949, seg-dom, 14h, 15h40, 17h20, 19h, 20h40, 22h20
• Rio de Janeiro (DF), Monte Castelo, 22-25 dez 1949, qui-dom

• Niterói (RJ), Icaraí, 22-25 dez 1949, qui-dom

• Rio de Janeiro (DF), Floriano (Centro), 31 dez 1949, sab
• Rio de Janeiro (DF), Pirajá, 31 dez 1949, sab + 1º jan 1950, dom

• Petrópolis (RJ), Capitólio, 31 dez 1949, sab

• Rio de Janeiro (DF), Império (Cinelândia), 29 jan 1950, dom, 14h, 15h40, 17h20, 19h, 20h40, 22h20

• Recife (PE), Parque, 30 jan-5 fev 1950, seg-sex, 14h40, 19h30, 21h30, sab, dom, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30
• Recife (PE), Roial, 17-19 mar 1950, sex-dom
• Recife (PE), Ideal, 25, 26 mar 1950, sab, dom
• Recife (PE), Torre, 1º, 2 abr 1950, sab, dom

• São Paulo (SP), Bandeirantes, 3-9 abr 1950, seg-sab, 14h15, 16h10, 18h05, 20h, 22h, dom, 14h, 15h40, 17h20, 19h, 20h40, 22h20
• São Paulo (SP), Rosário, 3, 4 abr 1950, seg, ter, 14h15, 16h10, 18h05, 20h, 22h
• São Paulo (SP), Esmeralda, 3, 4 abr 1950, seg, ter, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h
• São Paulo (SP), Majestic, 3, 4 abr 1950, seg, ter, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h
• São Paulo (SP), Clímax, 3, 4 abr 1950, seg, ter, 15h, 19h30, 21h30
• São Paulo (SP), Piratininga, 3, 4 abr 1950, seg, ter, 13h50, 19h10 (+ A Volta do fantasma)

• Recife (PE), Politeama, 5 abr 1950, qua

• Porto Alegre (RS), Vera Cruz,
7 abr 1950, sex (para Clube de Cinema de Porto Alegre)
10-16 abr 1950, seg-dom
17-19 abr 1950, seg-qua

• Recife (PE), Eldorado, 9 abr 1950, dom

• São Paulo (SP), Alhambra, 24-30 abr 1950, seg-dom, desde 13h50 (+ Terra de bandidos)

• Recife (PE), Real, 27, 28 abr 1950, qui, sex

• Olinda (PE), Cine Olinda, 29 abr 1950, sab, soirée
• Olinda (PE), Duarte Coelho, 5 maio 1950, sex

• Porto Alegre (RS), Ipiranga, 4 jun 1950, dom, à noite (+ O Castelo do homem sem alma)
• Porto Alegre (RS), Capitólio, 8-10 jun 1950, qui, sex, vesperal e noite (+ Escape), sab, noite
• Porto Alegre (RS), Eldorado, 19-24 jun 1950, seg-sab, noite (+ Dinheiro maldito)
• Porto Alegre (RS), Rival, 29 jun-1º jul 1950, qui-sab, vesperal e noite (+ Dinheiro maldito)
• Porto Alegre (RS), Navegantes, 15 jul 1950, sab, noite (+ Baixeza)

• Juiz de Fora (MG), Central, 9, 11 jun 1950, sex, dom

• São Paulo (SP), Paulistano, 27 nov-3 dez 1950, seg-qua, 19h, qui, 14h (+ Trágica suspeita), 19h, sex, sab, 19h, dom, 14h (+ Trágica suspeita), 19h

• Porto Alegre (RS), Garibaldi, 28 fev-3 mar 1951, qua-sab

• Rio de Janeiro (DF), Todos os Santos, 13, 14 abr 1951, sex, sab (+ Dama, valete e rei)
• Rio de Janeiro (DF), Coelho Neto, 23 maio 1951, qua (+ Por conta dos fantasmas)
• Rio de Janeiro (DF), Pilar (subúrbio da Central), 7-10 jun 1951, qui-dom

• São Paulo (SP), Penha, 30 jul-2 ago 1951, seg-qua, 19h, qui, 14h (+ Entre dois fogos), 19h
• São Paulo (SP), Rex, 3-5 set 1951, seg, ter, 19h, qua, 13h45 (+ Pânico nas ruas), 19h
• São Paulo (SP), Oberdan, 12 set 1951, qua, 19h (+ Pânico nas ruas)

• Recife (PE), Guarani (Alto José do Pinho), 16 set 1951, dom

• São Paulo (SP), Iris, 17-20 set 1951, seg-qua, 19h, qui, 13h45 (+ Os Desgraçados não choram), 19h

• Rio de Janeiro (DF), Jardim, 20-23 set 1951, qui-dom (+ Mercadores de intrigas)

• Porto Alegre (RS), Rio Branco, 1º-3 out 1951, qui-sab

• Rio de Janeiro (DF), Palácio-Vitória, 18-21 out 1951, qui-dom (+ Noite de tempestade)

• São Paulo (SP), São Luiz, 5-8 nov 1951, seg-qua, 18h45, qui, 14h (+ Espada e coração), 18h45

• Porto Alegre (RS), Brasil, 12, 13 nov 1951, seg, ter

• São Paulo (SP), California, 28 nov 1951, qua, 19h (+ Contrabando)

• Rio de Janeiro (DF), Fluminense, 5, 6 fev 1952, ter, qua (+ Compromisso de honra)

• São Paulo (SP), Guanabara, 21, 22 ago 1952, qui, sex, 19h45 (+ Golpe do destino)

• São Mateus (RJ), Glória, 27 ago 1952, qua (+ Voo da morte)

• Rio de Janeiro (DF), Rocha Miranda, 2 set 1952, ter

• Recife (PE), Ipojucan, 12 maio 1953, ter

• São Paulo (SP), Museu de Arte de São Paulo, 22 jun 1954, ter, 17h30, 20h30 (aos sócios, apresentação pelo diretor às 20h30)

Arquivos especiais


BRAGA, Rubem. Uma tentativa. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 5 nov 1949, p.3, ano XX, n.8.294.

Fernando de Barros mostrou ontem a um grupo de amigos, na ABI, o filme Caminhos do sul, que vai ser lançado este mês. Depois desse, ele já fez um outro [Perdida pela paixão, depois intitulado: Quando a noite acaba], com a ação passada no Rio. Assim vai o cinema nacional metendo os peitos, e em dezembro teremos, dirigido por Jonald, o Estrela da manhã, argumento de Jorge Amado, do qual já vi uns copiões belíssimos.
Não sei qual será a reação do público diante de Caminhos do sul, que foi inspirado no romance de Ivan Pedro de Martins. Os defeitos da fita são evidentes. Falta-lhe, antes de tudo, a medula de um argumento central: o interesse da gente se dispersa entre algumas histórias paralelas, que não chegam a se ligar e criar sentido graças a um tema central, que existe mas é explorado de modo excessivamente tênue. O resultado é que nenhum personagem chega a se fixar com nitidez, e nenhum caso chega a interessar muito.
Seria ainda muito fácil catar maus detalhes. Mas vamos deixar tudo isso para os críticos de cinema, cuja responsabilidade é certamente muito grande perante o incipiente cinema nacional. Uma discussão séria e detalhada do filme (que poderia ser promovida pelo Centro [sic, Círculo] de Estudos Cinematográficos), feita por críticos e assistentes ao mesmo tempo compreensivos para explicar as fraquezas e inflexíveis para apontá-las, seria da maior utilidade.
O que eu quero é contar uma certa emoção, que muita gente também sentiu, vendo assim no cinema, de um modo razoável, um pouco da vida brasileira. A beleza das paisagens do sul (e a fotografia é, seguramente, boa), a beleza da própria vida rude desses gaúchos, que vemos domando baguais e apostando corridas. Há autenticidade, e o problema do dialeto foi bem resolvido por um compromisso entre a língua geral do centro e os gauchismos. As mulheres estarão talvez vestidas de um modo um pouco mais provocante que o habitual no interior, ao passo que os homens estão corretos – eles usam legítimas roupas de gaúchos. A beleza de Maria Della Costa impressiona fundamente, e ela se comporta com discrição e propriedade; Tônia Carrero, outra artista de grande beleza, enfrenta um papel mais rico e difícil. Às vezes incerta, tem, entretanto, 'chance' para demonstrar um legítimo talento.
Marlene, excelente na primeira aparição, e prejudicada depois por ângulos desfavoráveis; e Luiza Barreto Leite, obrigada talvez às vezes a ser um tanto teatral pelas falas que deve produzir, faz um tipo sólido e humano que poderia ser explorado com mais tempo. Sady Cabral me parece, de todos, o mais seguro em seu tipo. Os homens estão aliás muito bem, e de todos o que parece se firmar como galã é Acácio. Excelente o rapazinho Ivan. É consolador ver que temos tanta gente boa para fazer cinema. Fernando de Barros soube fazer essa gente viver as cenas com humanidade, embora nessa primeira experiência não lograsse fazer um filme com estrutura certa, como nos promete agora.
Esses meus palpites apressados servem apenas para confessar a grande esperança que dá essa tentativa, que é antes de tudo uma exposição de possibilidades de nossa terra, de nossa gente e de nossa vida brasileira no campo do cinema.

"Caminhos do sul é uma obra tão complexa em erros e defeitos regionais que, o Rio Grande do Sul se sentiria honrado se o bonito trabalho de Ivan Pedro de Martins não tivesse a ação cinematográfica... Caminhos do sul é uma traição a nossa expectativa!" (Lauro Rodrigues)

"Entre seus defeitos principais há: uma história, ou antes muitas histórias, mal coordenadas num todo mais ou menos confuso e sem sequência, não tendo nem um começo nem um fim perfeitamente distinto". (Walter G. Durst, 7 mar 1950)

O. D. M.. Caminhos do sul. Jornal do Dia, Porto Alegre, 12 abr 1950, p.5, ano IV, n.966.

Depois da boa realização do cinema nacional, que é Iracema, a D. F. R. nos apresenta agora Caminhos do sul extraído do romance de mesmo nome, de autoria de Ivan Pedro de Martins. Pelo menos há que admirar nesse filme algumas fotografias maravilhosas, que o famoso cameraman mexicano Figueroa assinaria sem o menor receio. E é a única coisa boa da película. O enredo passado no Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai e Argentina, trata de contrabando e de amores ilícitos. Quanto ao desempenho bastante teatral, principalmente na parte de Luiza Barreto Leite. Nota-se, desde o primeiro instante em que aparece, que se trata de artista da ribalta. A direção de Fernando de Barros, como sempre, muito fraca. Pelo tema, a película merece fortes restrições, não convindo absolutamente a menores. Nota artística: 2,5. Cotação moral: Exclusivamente para adultos.

E. R. C.. Caminhos do sul. Jornal do Dia, Porto Alegre, 18 abr 1950, p.5, ano IV, n.971.

Mais um filme brasileiro surge; mais um filme dirigido por Fernando de Barros!
A Capital Filmes realizou em Caminhos do sul um grande passo quanto à arte de estúdio e laboratório, sob a melhor direção do cinema nacional, mas persiste ainda em erro grave quanto ao argumento, sendo de lamentar o grande esforço dispendido para a equiparação aos filmes norte-americanos produzidos para exportação.
A criação de Lumière deverá ser empregada no aperfeiçoamento do gosto artístico e elevação moral e cultural das massas, o que não pode ser alcançado pela projeção de cenas vividas em baixa classe social, onde os costumes violam a moral.
Todavia, em relação a produções passadas, a cinematografia brasileira em Caminhos do sul, mesmo quanto ao argumento, apresenta progresso, uma vez que sua procedência está em autor conhecido.
Seria louvável, entretanto, a escolha de um romance mais adaptável à sociedade brasileira, que em maior parte, muito se distancia da vida rudimentar de nossas fronteiras.
E a literatura nacional é tão rica...

Como citar o Portal


Para citar o Portal do Cinema Gaúcho como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
Caminhos do sul. In: PORTAL do Cinema Gaúcho. Porto Alegre: Cinemateca Paulo Amorim, 2024. Disponível em: https://www.cinematecapauloamorim.com.br//portaldocinemagaucho/157/caminhos-do-sul. Acesso em: 19 de maio de 2024.