A Morte não marca tempo (1973)

Brasil (RS)
Longa-metragem | Ficção
35 mm, cor, 92 min

Direção: Pereira Dias.
Companhia produtora: Czamanski-Tarasiuk Produções Cinematográficas Ltda.

Primeira exibição: Taquara (RS), 1973 (pré-estreia)

 

Sexto longa-metragem dirigido por Pereira Dias, mais conhecido por sua parceria com a dupla Teixeirinha e Mary Terezinha, com quem realizaria seis filmes. Em A Morte não marca tempo, Dias dirige novamente o astro da música regionalista José Mendes, após os sucessos de bilheteria de Pára, Pedro! (1969) e Não aperta Aparicio (1970). Ainda no elenco estão Darcy Fagundes, Alice Aveiro, Carlos Castilhos e o próprio diretor na interpretação do vilão. O longa começa com a "Balada da solidão", canção de José Mendes e Pereira Dias.

Com argumento e roteiro do próprio Pereira Dias, que contou na assistência de direção com Luiz Celso Hyarup, o filme assinala o início de atividades no campo do longa-metragem da Czamanski-Tarasiuk Produções Cinematográficas, produtora de jornais e complementos nacionais. Com fotografia de Ivo Czamanski, o drama de aventura regional teve filmagens de exteriores feitas em Santa Cristina do Pinhal, distrito de Taquara  (RS). A montagem é assinada pelo diretor e pelo diretor de fotografia. A música é, mais uma vez, de autoria do maestro Alfred Hülsberg.

O cartaz anunciava um filme terno, humano e real como a própria vida. O belo colorido das paisagens gauchescas retorna ao tema da vida do gaúcho. Segundo sinopse fornecida pela distribuidora, o filme se coloca no meio termo entre a comédia e o drama sentimental, ao narrar a história de um suposto bandido, que é protegido por um padre convicto de sua inocência. O diretor é o intérprete do referido papel, embora a primeira figura do elenco seja o popular José Mendes, que retorna ao cinema depois de dois anos de atividades apenas como cantor. A atriz principal Clarisse Nogueira foi escolhida através de concurso realizado por ZH Variedades.

A ação ocorre numa cidade do interior onde foi misteriosamente morto o filho do fazendeiro mais rico da região. Julião é o bandidão das bocas e sobre ele recaem as suspeitas. Quando ele chega na cidade trazendo o cinto do morto, somente o padre acredita em sua inocência e lhe dá abrigo na igreja. Uma série de acontecimentos inesperados envolvem todos os personagens até "um final imprevisto e inesquecível", segundo a produção.

A primeira exibição (pré-estreia) ocorreu em 1973 em Taquara, município gaúcho onde foram as locações. Já em Porto Alegre, a première ficou marcada para 14 de abril daquele ano, no cinema Victoria, com ingressos a 10 cruzeiros, com parte da renda destinada ao Hospital da Criança Santo Antônio.

Nascido em 20 de abril de 1939, onde hoje é a cidade de Machadinho, que à época era distrito e pertencia à Lagoa Vermelha, José Mendes afirmava que aprendeu a tocar violão sozinho, aos 8 anos, e a cantar desde que se conhecia por gente. Com a separação dos pais, mudou-se para Santa Terezinha, no distrito de Esmeralda, em 1944, passando a residir com seus tios, pais adotivos, em uma fazenda, onde ele exercia as lidas de peão. Formou, com um amigo, uma dupla amadora chamada Os Irmãos Teixeira (só que eles não eram irmãos nem Teixeira). Em 1958 foi prestar o serviço militar e mudou então para Vacaria, onde se fixaria depois, decidindo, então, seguir a carreira artística.

José Mendes estreou nos palcos em 1960. Em Júlio de Castilhos, ele fez parte do trio Os Seresteiros do Pampa, com Florentino Rezende e Dinarte Silva, por cerca de 2 anos, se apresentando em diversas cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Seu maior sucesso foi a canção "Pára, Pedro!" (gravada até por Wilson Simonal).
Ao todo, o músico gravou oito discos. Um deles teve o nome Mocinho do cinema gaúcho (Copacabana, 1970). Aos 34 anos, faleceu num acidente na BR-471, rodovia que liga Pelotas a Rio Grande, voltando de um show, em 15 de fevereiro de 1974. A caminhonete em que estava chocou-se frontalmente com um ônibus da empresa Fonseca Júnior. O acidente deixou quatro mortos e 24 feridos. O grupo do cantor se dirigia para Santa Vitória do Palmar, onde faria uma apresentação. O artista foi sepultado em 17 de fevereiro, ao lado do irmão Arhur Mendes, que dirigia a Veraneio. Segundo reportagem da Zero Hora do dia 18, mais de mil pessoas compareceram ao enterro, gerando cenas dramáticas entre os fãs, que se debruçavam sobre o  túmulo número 6655 do cemitério São Miguel e Almas. Diversos conjuntos musicais regionais executaram suas músicas. O então prefeito de Vacaria queria levar o corpo para ser sepultado no município. Atualmente, seus restos mortais estão na cidade de Esmeralda, na localidade de Santa Therezinha, onde ele passou parte da sua infância. Lá também foi erguido o Memorial José Mendes – um prédio em forma de violão –, com diversas fotos e reportagens da carreira do cantor.

Sinopse


Canção "Balada da solidão" nos créditos de abertura.
O assunto principal entre os jogadores de bochas e cartas que se reúnem no bolicho de uma pequena cidade do interior gaúcho é o assassinato de Antonio, jovem recém-chegado de Porto Alegre e filho do principal estancieiro da região. Todas as opiniões convergem para Julião, famoso bandido que nos últimos vinte anos vive refugiado naquelas redondezas. A debandada é geral quando alguém chega correndo para avisar que Julião se aproxima da vila. Apenas o padre João resolve enfrentar o bandido. E da conversa dos dois surge a prova de que, forçosamente, o assassino de Antonio deve ser outro: Julião veio trazer a cinta do morto, que ele encontrou por acaso, inclusive com dinheiro em uma das bolsas. Diante da decisão do sargento do destacamento policial em prender Julião como assassino do rapaz, o padre faz com que o bandido se refugie na igreja e começa uma série de investigações com a intenção de descobrir o verdadeiro criminoso. Suspeitando do irmão de criação do morto, também apaixonado pela noiva do jovem, o padre acaba descobrindo que, além de autor do crime, o irmão de criação é também filho de Julião. Enquanto procura meios de resolver o problema à luz da justiça, o bandido, determinado a salvar o filho, resolve enfrentar a polícia e assumir a autoria do crime.

Ficha técnica


ELENCO
José Mendes (José), Darcy Fagundes (Padre João), Pereira Dias (Julião),
Alice Aveiro (Maria), Clari Nogueira (Rosa), Alex Lopes Garcia (Antonio), Telmo Oliveira (Coronel),
Carlos Castilhos (Sargento), Sergio Larrea (Tonico), Mano Bastos (Cabo), Esther Gonzalez (Alba), José Santos (Pontes), Indio Brasileiro Cézar (Lourenço), Silvia Cardoso (Tia), Beatriz Schirmer (Sofia),
Sanches Neto (Primeiro Jogador), Leleco (Segundo Jogador), Renato Batista (Parceiro do Padre), Natálio Herlein (Primeiro Bocheiro), Ubirajara Aveiro (Segundo Bocheiro), Joemy Garcia (Terceiro Bocheiro), Celso Oliveira (Quarto Bocheiro), Adenir Bristoti Silva (Primeira Mulher), Ivete Czamanski (Segunda Mulher),
Joselito Garcia (Antonio garoto), Luiz Antonio (José garoto), Marisa Dresch (Professora), Renencio Rodrigues (Bolicheiro), Décio Müller (Ajudante), Luiz Kehl (Soldado), Rubens Steffen (Soldado), Alcides Pereira (Soldado), Ramão Souza (Soldado), Renato Rosa (Soldado),
Os Milongueiros.

DIREÇÃO
Direção: Pereira Dias.
Assistência de direção: Luiz Celso Gomes Hyarup.
Continuidade: Sonia Maria.

ROTEIRO
Argumento, roteiro e diálogos: Pereira Dias.

PRODUÇÃO
Produção executiva: Daniel Czamanski.
Produção associada: José Mendes, Pereira Dias.
Direção de produção: Carlos Castilhos.
Gerência de produção: Bernardo Tarasiuk.
Assistência de produção: Octavio Capuano.
Administração: Elizio Telli.

FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Ivo Czamanski.
Assistência de câmera: Pereira Dias Filho.
Ajudante: Roberto Azevedo.

Eletricistas: Francis Lagarde, Miguel Elias, Helio Martins.

ARTE
Maquiagem: Judith Cabrera (produtos L'Oréal de Paris).

MÚSICA
Música incidental – composição e regência: Alfred Hülsberg.

Músicas (ordem de inserção):
• "Balada da solidão" (José Mendes, Pereira Dias) por José Mendes (voz) [créditos iniciais] [LP: Adeus pampa querido, 1974; faixa B1]
• "Saudação à querência" (música, letra: Flavio Mattes) por Os Milongueiros: Milongueiro, Leonir, Zé Duarte [2ª formação]
• "Última lembrança" (música, letra: Luiz Menezes) por José Mendes (voz) e Os Milongueiros [LP: Pá...ra Pedro!, 1967; faixa B6]

FINALIZAÇÃO
Montagem: Pereira Dias, Ivo Czamanski.

Técnico de som: Antonio Gomes.
Efeitos sonoros: Geraldo José.
Mixagem: Aloisio Viana.

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Película: Kodak Eastmancolor.
Laboratório de imagem: Rex Filme (São Paulo).
Estúdio de som: Herbert Richers (Rio de Janeiro).
Estúdio de gravação da música incidental: ISAEC Produções e Gravações (Porto Alegre).

MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Czamanski-Tarasiuk Produções Cinematográficas Ltda. (Porto Alegre).
Parcialmente realizado com recursos do BRDE Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul.

AGRADECIMENTOS
Agradecimentos: À Prefeitura de Taquara na gestão do sr. José Lehnen, Bancada da ARENA e do MDB da Câmara de Taquara, CTG Fogão Gaúcho, Linck S.A., Empresa Citral, Brigada Militar, Indústria Cacique, Rauber e Filho Ltda., Lauri Franck e à Prefeitura de São Francisco de Paula, José da Rosa, Nelson Gonzaga, Arno Ebling, Albino Ebling, Ruth Czerman, Erica Czerman, Frederico Müller, Helio Cardoso, ao povo de Taquara e Santa Cristina.

FILMAGENS
Brasil / RS, em Santa Cristina do Pinhal, distrito de Taquara e nos campos de São Francisco de Paula.
Período: a partir de 20 de agosto de 1972.

ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 92 min
Metragem: 2.525 metros
Número de rolos:
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela:
Formato de captação: 35 mm
Formatos de exibição: 35 mm

DIVULGAÇÃO
Cartaz: Desenho: João Mottini. Impressão: Grupograf (Porto Alegre). Exemplares: Ivo Czamanski.
Cartazete: 24,2 x 18 cm, cor. Impressão: Grupograf (Porto Alegre). Frente reproduz cartaz. Verso com sinopse, ficha técnica e artística, frases para divulgação. Exemplares: Ivo Czamanski; Carlos Castilhos.
Lobby card: 7 diferentes, 20,2 x 30,1 cm, cor. Exemplares: Ivo Czamanski.
Release: Três laudas datilografadas com ficha técnica, artística e sinopse (Acervo P. F. Gastal-Biblioteca Central PUCRS).

DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa: 10 anos.
Contato: Ivo Czamanski.

OBSERVAÇÕES
José Mendes, com exceção das músicas, está dublado por ator não identificado, em São Paulo.
Finalização: montagem de negativo no laboratório Rex, em São Paulo.
Renda de maio a dezembro de 1973: Cr$ 251.834,00 com 128.400 espectadores.
Atriz Clari[sse] Nogueira foi escolhida através de concurso realizado por ZH Variedades, caderno de Zero Hora.
Comentário crítico de Eugênio von Mühlen, datilografado em uma lauda; bilhete de Pereira Dias a P. F. Gastal (Acervo P. F. Gastal-Biblioteca Central PUCRS).
Terceiro e último filme protagonizado pelo cantor José Mendes, que faleceria num desastre de carro em 15 de fevereiro de 1974.
Músicas: No LP Adeus pampa querido (1974), "Balada da solidão" está creditada apenas a José Mendes.

Grafias alternativas: Judite Cabrera | Carlinhos Castillo | Luiz Celso Hiarup (cf. créditos) | Ester Schiaffino (cf. cartazete)
Nomes completos: Sergio Wanderley Larrea
Grafias alternativas (funções): Maquilage

DISCOGRAFIA
José Mendes

BIBLIOGRAFIA
Noticiário:
GOIDA. Filme gaúcho para breve: A morte não marca tempo. Zero Hora?, Porto Alegre, 8 mar 1973.
CALVERO [P. F. GASTAL]. Outro filme gaúcho. Folha da Tarde, Porto Alegre, 10 abr 1973, p.49.
Cinema gaúcho no Victoria. Zero Hora, Porto Alegre, 14 abr 1973.
Zero Hora, Porto Alegre, 18 fev 1974. p.30.

Exibições


• Taquara (RS), 1973 (pré-estreia)

• Porto Alegre (RS), Victoria,
14 abr 1973, sab, 22h (avant-première)
16-22 abr 1973, seg-dom

• Porto Alegre (RS), Rio Branco, 16-22 abr 1973, seg-dom

• Porto Alegre (RS), Rey,
16-22 abr 1973, seg-dom
23-29? abr 1973, seg-dom

• Porto Alegre (RS), Colombo, 16-22 abr 1973, seg-dom

• Porto Alegre (RS), Teresópolis,
16-22 abr 1973, seg-dom
23-29? abr 1973, seg-dom

• Sapiranga (RS), 5 maio 1973, sab

• Porto Alegre (RS), Castelo, 9 maio 1973, qua (+ O Grande desafio)

• Caxias do Sul (RS), Cine Teatro Real, 19, 20 maio 1973, sab, 20h, 22h, dom, 19h30, 21h30

• Canoinhas (SC), Cine Vera Cruz, 25-27 nov 1973, dom, 19h, 21h15, seg, ter, 20h15


• Caxias do Sul (RS), Guarani, 18 maio 1974, sab, 19h30, 21h30

• Brasília (DF), Cine Rex, 24-28 nov 1974, dom, 16h, 18h, 20h, 22h, seg-qui, 20h
• Brasília (DF), Cine Paranoá, 29, 30 nov 1974, sex, 14h, 19h30, 21h30, sab, 14h, 16h, 19h30, 21h30
• Brasília (DF), Cine Amazonas (Gaminha), 6, 7 dez 1974, sex, 14h, sab, 20h


• Matinhos (PR), Cine Sereia, 4 fev 1978, sab

• Porto Alegre (RS), Revisão do cinema gaúcho, Auditório da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, 15 ago 1979, qua

• Porto Alegre (RS), Retrospectiva cinema gaúcho [16 set-6 out], Cinemateca Paulo Amorim-[Sala Paulo Amorim], 20 set 1985, sex, 19h, 21h (+ Bento farrapo farroupilha + O Leão do Caverá)


• Porto Alegre (RS), Mostra Especial José Mendes 50 anos depois [13-15 set], Cinemateca Paulo Amorim-Sala Eduardo Hirtz, 15 set 2022, qui, 19h (presença de Ivo Czamanski, Maria Isabel, José Mendes Júnior)

Como citar o Portal


Para citar o Portal do Cinema Gaúcho como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
A Morte não marca tempo. In: PORTAL do Cinema Gaúcho. Porto Alegre: Cinemateca Paulo Amorim, 2024. Disponível em: https://www.cinematecapauloamorim.com.br//portaldocinemagaucho/164/a-morte-nao-marca-tempo. Acesso em: 19 de maio de 2024.