O Fim dos bandoleiros (1975)

Brasil (RS)
Longa-metragem | Ficção
Super-8, cor, 109 min

Direção: Domingos L. Dallagasperina, Pedro Hugo Sitta.
Companhia produtora: não creditada

Primeira exibição: Tapejara (RS), Cine Tamoyo, 9 ago 1975, sab

 

Primeiro longa-metragem gaúcho rodado em super-8.
Antecede o filme, os letreiros a seguir, provavelmente colocados muito tempo depois: // Notas: A ideia de fazer um filme existia há muito tempo. O ano era 1975. Depois de visitar a pequena vila de Vista Alegre, interior do município de Tapejara, uma vila típica do far-west americano, ruas sem calçamento, sem fios e postes de luz elétrica, uma bodega, uma igrejinha, cancha de bochas e cavalos amarrados em postes. Faltava apenas encontrar companheiros dispostos a levar a empreitada. Escrevemos a história, dividimos em capítulos e calculamos o tempo de filmagem para cada parte, a fim de chegarmos a um total de aproximadamente 120 minutos. // A máquina filmadora: Foi uma pequena filmadora super-8, que pesava uns 350 gramas e funcionava com duas pilhas tipo palito. O filme usado: Foram usados 120 cartuchos com duração de 3 minutos cada. Por esta razão tínhamos que parar a filmagem a cada 3 minutos, recarregar a máquina e prosseguir a filmagem. Os cartuchos após utilizados eram remetidos para São Paulo para revelação. Muitas vezes, devido à primitiva filmadora, os filmes voltavam velados e tínhamos de filmar tudo outra vez. // Tempo de filmagem: As filmagens ocorriam sempre aos finais de semana e feriados. Começamos em janeiro e terminamos as filmagens e montagem das cenas em 8 de agosto de 1975. Primeira exibição: Por solicitação do prefeito municipal sr. Severino Dalzoto, o filme foi exibido em 9 de agosto de 1975, no dia do aniversário do município. A estreia se deu no Cine Tamoyo, com superlotação e com presença de autoridades. // Outras exibições: O filme foi exibido em diversos lugares sempre com fins beneficentes, para estudantes e casas assistenciais, clubes de serviço e lazer. Ginásio Estadual, Clube Comercial, Mecânica Tapejarense, Salão Paroquial, Cine Tamoyo, Água Santa, Ibiaçá, Rio Telha, Vista Alegre, Linha Scheleder, Charrua Baixa, Passo Fundo, Soledade e em diversos outros locais. // Principais protagonistas e colaboradores deste filme: Domingos Luiz Dallagasperina, Pedro Hugo Sitta, Americo Ferreira da Silva, Murilo Zappani, Nelso Artuzi, Roberto Dallagasperina, Euclides Bertoglio, Rogerio Liska, Darci Borella, Luiz Parizotto e muitos outros colaboradores. // O filme: Nossa história assemelha-se aos faroestes americanos, utilizamos vestuário, armas, cavalos, carruagens, paisagens e casas parecidas com os americanos. Nós, os próprios protagonistas filmávamos as cenas em que não aparecíamos, e quando os outros não apareciam em cena filmava os demais. Não havia um cameraman especialmente para as filmagens. O enredo é totalmente de nossa autoria e qualquer semelhança é mera coincidência. Domingos L. Dallagasperina (diretor, produtor) // Você vai ver agora o filme rodado e produzido em Tapejara, no ano de 1975, totalmente artesanal, sem recursos técnicos nem financeiros, com dificuldades de obter material, locomoção de todo o pessoal que participou das filmagens em torno de 50 pessoas, numa época que ainda não havia câmeras digitais nem de vídeo, e que os pequenos rolinhos de filme tinham que ir até São Paulo para serem revelados, e que, muitas vezes ficava velado e tinha de ser refilmado. Mas... Valeu a pena. O tão sonhado filme foi realizado. Com vocês, O Fim dos bandoleiros. //

Sinopse


Texto completo da narração e diálogos:

NARRADOR: Vista Alegre. Pequeno núcleo de imigrantes vindos da Itália, Alemanha e de outros países europeus vivia um clima de paz e harmonia. Todos desejosos de um futuro melhor. Sem dúvida houve uma fase da vida harmoniosa e de cooperação mútua legando o prazer de viver naquele povoado. Estancieiros fixaram-se naquelas terras férteis dedicando-se na planta de cereais e criação de gado. / Mais tarde, quando a riqueza começou a surgir, até um banco foi criado. O banqueiro Kid Bert, estrangeiro de boa cultura, aos poucos conquistou a confiança dos moradores de Vista Alegre. Suas opiniões eram válidas e seus conselhos eram ouvidos. Tudo ia bem, até que começou a surgir fatos lamentáveis e sangrentos. Misteriosamente eram roubados os estancieiros e mortos covardemente. O mistério pairava em Vista Alegre. Até os homens da lei foram vítimas dos bandoleiros, que tentavam em vão solucionar a precária situação. / Em apenas oito dias foram mortos misteriosamente cinco xerifes, fazendo com que nenhum morador de Vista Alegre quisesse assumir o cargo de defensor da lei. Alguns líderes do lugar telegrafaram para a cidade mais próxima, Tapejara, solicitando a intervenção de um xerife com alta experiência para por fim à horrível situação em que Vista Alegre estava exposta.

PLACA EM COVA NO CEMITÉRIO: Reservado para o próximo xerife.

NARRADOR: Em Vista Alegre todos os moradores estavam à espera do novo xerife. Era preciso que alguém desse cabo das mortandades quase que diárias, cujas famílias estavam em desespero. / O novo Xerife, após os cumprimentos pelo povo de Vista Alegre, é conduzido pelos seus auxiliares, Borella e Paraná, até à delegacia. Na delegacia, o Xerife foi informado da situação, porém muito mistério pairava. Era preciso descobrir quem estava atrás de tudo. Os auxiliares mostraram algumas fotos de alguns suspeitos, porém nada concreto.

HOMEM: O Xerife está?
AUXILIAR: Está. Pode entrar.
HOMEM: Seu Xerife, lá, lá no bar eles estão convidando o senhor pra ir lá fazer um joguinho de cartas com eles.
XERIFE: Tá bom, eu vou lá. Avisa eles que sem demora eu estou lá.
HOMEM: Tá bom.

NARRADOR: Tijolinho, às escondidas, vai ao encontro de Kid Bert e conversam sobre a vinda do novo Xerife. Kid Bert diz-lhe para que tome muito cuidado e que tente descobrir como é o novo Xerife, provocando-o para ver a sua reação. / Em seguida Tijolinho corre para o esconderijo onde estão os outros capangas. Tijolinho manda Cabral criar uma pequena briga, fazendo com que o novo Xerife tome conhecimento, só para ver a sua reação. / O Xerife calmamente dirige-se ao bandido Cabral e pede-lhe para que não repita ou será castigado na próxima vez. / No bar, o Xerife manda o auxiliar Paraná ir até a delegacia para atender os serviços, mas, Cabral novamente, ataca e desta vez foi um auxiliar do Xerife. / Kid Bert informa a Tijolinho que hoje é o último dia para pagamento do empréstimo do estancieiro Montana ao banco de Kid Bert. Então, Kid Bert manda Tijolinho assaltar o estancieiro, fazendo com que as terras penhoradas ficassem de propriedade de Kid. / O Xerife é informado pelo coveiro Beto quem é a vítima e depois o Xerife volta à delegacia para tomar providências. / Nos fundos do banco, Tijolinho aparece com todo o produto do assalto para dividir com Kid Bert. Metade do dinheiro roubado era para Kid e a outra metade para os capangas de Tijolinho.

HOMEM: Ai, ai, meu braço. Me atingiu minha mão, meu braço.

NARRADOR: O Xerife que estava observando alguns papéis e algumas fotos de pessoas suspeitas, de súbito ouve tiros e gritos vindo do bar. Ele e seus auxiliares correm para lá. / Os estancieiros e o Xerife combinaram fazer uma reunião na Estância Urubu Preto com todos os estancieiros da região, para tratar do assunto e verificar quem está por trás de todos esses crimes.

XERIFE: Vamos assentando... vamos.

NARRADOR: No mesmo instante, em que se precede a reunião na Estância Urubu Preto, o estancieiro Montana sai de sua casa, rumando para Vista Alegre, a fim de pagar seu empréstimo ao banco de Kid Bert.

XERIFE: O tiro veio daqueles lados. Vamos pra lá. Vamos lá.

NARRADOR: Montana, gravemente ferido, porém, considerado morto pelos bandidos, conseguiu ainda reconhecer os assaltantes. É o Montana, ele foi assaltado. Gravemente ferido, ainda consegue falar quem foi que o assaltou. E confessa que foi Tijolinho e seu bando.

XERIFE: Morreu. Vamos levá-lo!

NARRADOR: O tiro é ouvido pelo Xerife e pelos seus auxiliares que ainda se encontravam nas proximidades da mata, não muito distante do local do assalto. / Como sempre, Tijolinho corre para Kid Bert, para repartir o dinheiro obtido no roubo. O dinheiro é repartido e é comemorado com um bom trago de losna. / Na delegacia, o Xerife organiza a caçada de Tijolinho e seu bando. Pede a todos para não matá-lo, pois poderá prestar importantes informações. Os estancieiros se oferecem para ajudar na caçada. / O Xerife e seu auxiliar, Borella, seguiram rumo São Marcos, enquanto que os estancieiros foram pela estrada que vai para o Picadão. / Tijolinho manda os capangas aguardarem sua volta no esconderijo e segue sozinho para despistar o Xerife e os estancieiros.

ESTANCIEIRO: Ele passou por aqui. Olha o charuto dele aqui. Vamos em frente, por aqui!

NARRADOR: Tijolinho é descoberto pelos estancieiros e cerrado tiroteio se trava.

ESTANCIEIRO: Vamos enforcar! Vamos enforcar! Vamos enforcar!

NARRADOR: Os estancieiros, tomados de vingança pela morte de mais um de seus companheiros, esquecem que o Xerife havia dito para não matá-lo e prepararam uma corda para enforcá-lo.

XERIFE: Vamos! Vamos para a delegacia.

NARRADOR: O auxiliar Paraná ficou encarregado para vigiar Tijolinho.

TIJOLINHO: Ei! Me dá um trago aí. Dá um traguinho.

NARRADOR: Tijolinho viu a garrafa de losna e pede ao Paraná que lhe dê um trago. Depois de vacilar um pouco, Paraná resolve dar-lhe um trago, porém, ele próprio já estava embalado. / Tijolinho corre para o lugar secreto, para se encontrar com o banqueiro. Kid Bert está feliz com a fuga de Tijolinho, pois se ele confessasse estaria também em maus lençóis. Tijolinho contou como conseguiu fugir da cadeia. Kid Bert está muito contente. Kid Bert foi informado pelo telegrafista que soube que a família do Xerife está para chegar na última diligência e manda Tijolinho... [interrompido e retomado com a repetição do texto do Narrador]
NARRADOR: Tijolinho corre para o lugar secreto, para se encontrar com o banqueiro. Kid Bert está feliz com a fuga de Tijolinho, pois se ele confessasse estaria também em maus lençóis. Tijolinho contou como conseguiu fugir da cadeia. Kid Bert está muito contente. Kid Bert foi informado pelo telegrafista que soube que a família do Xerife está para chegar na última diligência e manda Tijolinho raptar a família do Xerife, para afastá-lo das investigações. Recomenda-lhe muito cuidado, pois, suas vidas estão em jogo.

TELEGRAMA: Xerife. Sua família está em viagem para Vista Alegre. Wilins.

NARRADOR: Na delegacia, o Xerife e demais pessoas presentes verificaram como foi a fuga de Tijolinho. Nesta mesma ocasião, o carteiro entrega um telegrama ao Xerife, no qual consta a notícia de que sua família está para chegar em Vista Alegre. / Os bandidos foram punidos de surpresa pelo condutor e dois foram abatidos. Tijolinho ordena que abandonem o local e batem em retirada. Na tentativa, foi ferido gravemente. / O banqueiro Kid Bert ficou surpreendido ao ver a diligência passando pela vila com a família do Xerife, mas a surpresa mesmo foi quando viu um de seus capangas ferido e amarrado, rumando para a delegacia. / O Xerife interroga o bandido para saber quem é o chefe da quadrilha. O bandido já à morte, murmura e consegue ainda dizer que o chefe é o banqueiro Kid Bert. / O Xerife altamente indignado pelo ferimento de seu filho pelos bandidos e já sabendo quem são os malfeitores, vai ao banco de Kid Bert para ajustar as contas. E manda o auxiliar Borella que apronte os cavalos para sair ao encalço de Tijolinho e seu bando. / Na delegacia, o filho do Xerife recupera-se do ferimento. Tomada de alegria, a esposa do Xerife tenta ainda alcançá-lo para avisá-lo do grande acontecimento, porém, o Xerife já estava muito distante. / Tijolinho, Cabral e Ratazana já se encontravam nas proximidades de São Marcos. / O bandido Faísca, que se havia separado do bando, também rumou para São Marcos, encontrando-se com os demais. O plano dos bandidos era esconder-se pelos sertões de São Marcos, aonde dificilmente os homens da lei os encontrariam.

XERIFE: É o... do Faísca que está morto! Eles estiveram por aqui.
BORELLA: Olha aqui, olha aqui, Xerife! Um charuto do Tijolinho.
XERIFE: Isso mesmo. Ele está por aqui. Vamos ao seu encalço.

[Segue-se longo tiroteio na Cascata do Rio São Marcos, até o fim.]

Ficha técnica


ELENCO
Domingos L. Dallagasperina (Xerife),
Pedro Hugo Sitta (Tijolinho),
Euclides Bertoglio (Kid Bert),
Americo Ferreira da Silva (Cabral),
Darci Borella (Auxiliar Borella),
Nelso Artuzi (Auxiliar Paraná),
Murilo Zapani
e outros

DIREÇÃO
Direção: Domingos L. Dallagasperina, Pedro Hugo Sitta.

ROTEIRO
Argumento: Domingos L. Dallagasperina, Pedro Hugo Sitta.

PRODUÇÃO
Produção: Domingos L. Dallagasperina.

FOTOGRAFIA
Operação de câmera: Rogério Liska, Domingos L. Dallagasperina, Pedro Hugo Sitta, Americo Ferreira da Silva.

ARTE
Desenhos: Domingos L. Dallagasperina.

SOM
Som: Luiz Parizotto (pouca prática).

MÚSICA
Músicas (não creditadas):
• "Trinity, a cavallo lungo il fiume" por Franco Micalizzi [Álbum: Lo Chiamavano Trinità]
• "Per un pugno di dollari" (Ennio Morricone) por Ennio Morricone [Álbum: Per un pugno di dollari]

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Película: 120 rolinhos de filme super-8
Câmera: Kodak.
Laboratório de revelação: (São Paulo).

MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: (Tapejara).

FILMAGENS
Brasil / RS, no município de Tapejara, em Vista Alegre e Água Santa; na Cascata do Rio São Marcos, no município de São Marcos, na serra.
Período: a partir de janeiro de 1975 nos fins de semana e feriados.

ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 109 min (cópia do YouTube, incluindo as cartelas iniciais provavelmente colocadas depois, que somam 04:16) / na página do filme no YouTube, postado por Domingos Dallagasperina informa-se 117 min
Metragem:
Número de rolos:
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela:
Formato de captação: super-8
Formato de exibição: super-8

DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa:
Contato:

OBSERVAÇÕES
Término da montagem: 8 de agosto de 1975.
Pedro Hugo Sitta, falecido.

Grafias alternativas: Domingos L. Dallagasperina (produção, direção), Domingos Dallagasperina (desenhos, argumento), Domingos L. D. (elenco) e D. L. D. (câmera, produção) [nome completo: Domingos Luiz Dallagasperina] | Pedro Hugo Sitta (direção), Hugo Sitta (elenco) e P. H. S. (câmera) | Euclides B. | Americo F. S. (elenco) e A. F. S. (câmera) | N. S. Artuzi | Luis Parizotto
Grafias alternativas (personagens): Kid Bet (créditos) e Kid Bert (narração e placa)
Grafias alternativas (funções): Argumentos

BIBLIOGRAFIA
O Fim dos bandoleiros no cinema. O Nacional, Passo Fundo, 28 maio 2012.

Exibições


• Tapejara (RS), Cine Tamoyo, 9 ago 1975, sab

• Exibições em diversos lugares sempre com fins beneficentes, para estudantes e casas assistenciais, clubes de serviço e lazer. Ginásio Estadual, Clube Comercial, Mecânica Tapejarense, Salão Paroquial, Cine Tamoyo, Água Santa, Ibiaçá, Rio Telha, Vista Alegre, Linha Scheleder, Charrua Baixa, Passo Fundo, Soledade e em diversos outros locais.

• Tapejara (RS), Sessão das 7 CineSesc, Centro Cultural José Maria Vigo da Silveira, 4 jun 2012, seg, 19h (debate com Domingos Dallagasperina)

• YouTube, desde 16 fev 2018 [973 visualizações em 22 mar 2021]

Como citar o Portal


Para citar o Portal do Cinema Gaúcho como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
O Fim dos bandoleiros. In: PORTAL do Cinema Gaúcho. Porto Alegre: Cinemateca Paulo Amorim, 2024. Disponível em: https://www.cinematecapauloamorim.com.br//portaldocinemagaucho/181/o-fim-dos-bandoleiros. Acesso em: 19 de maio de 2024.