A Casa Elétrica (2012)

Brasil (RS-SP) – Argentina
Longa-metragem | Ficção
HD, cor, 110 min

Direção: Gustavo Fogaça.
Companhia produtora: Panda Filmes; Betaplus Broadcasting; Bamboo Filmes

Primeira exibição: Gramado (RS), 40º Festival de Cinema de Gramado [10-18 ago]-Mostra Especial de Cinema Gaúcho, Palácio dos Festivais, 17 ago 2012, sex, 15h

 

A Casa Elétrica reconstitui a história daquela que foi uma das mais importantes empresas do ramo musical em Porto Alegre. Graças ao pioneirismo de seu fundador, o imigrante italiano Saverio Leonetti, a Casa A Electrica se tornou referência na gravação de discos e na produção de gramofones, desbravando um território ainda inexplorado na própria América Latina. Nascido na Calábria na década de 1870, Saverio inicialmente tentou a sorte nos Estados Unidos e na Argentina, mas percebeu que havia um nicho a ser explorado no sul do Brasil. Estima-se que, entre 1913 e 1924, mais de mil lançamentos tenham passado por suas mãos, assegurando a promoção de diversos artistas e estilos, em nível local, nacional e internacional.

Por conta de conexões feitas no mercado argentino (mais especificamente com o empresário Alfredo Amendola), a Elétrica teve o privilégio de lançar aquele que é considerado o primeiro tango gravado e prensado da História: "El Chamuyo" (1915), de Francisco Canaro. Essa composição ajudou Canaro a se tornar popular, abrindo caminho para sua consagração como 'Rey del Tango'.  Um marco importante foi "Iaiá me diga" (1913), tido como o primeiro samba gravado no Brasil – pela dupla gaúcha Os Geraldos. Outro nome que ficou muito conhecido junto à companhia é Moisés Mondadori, que usava o nome artístico de Cavaleiro Moysé. Ele foi responsável pela primeira versão de "Boi Barroso" (1914), consolidando-se como o primeiro astro da música regionalista gauchesca. Todos esses personagens passam pelo filme, que apresenta uma cena cultural muito rica, talvez desconhecida pelos porto-alegrenses.

Um fator fundamental para o sucesso do negócio foi a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Os cantores da época sofriam para armazenar suas composições em um único disco. Eles precisavam mandar as matrizes para a Europa, a fim de conseguirem gerar as cópias para venda. Em virtude do conflito bélico, tiveram de buscar alternativas no casarão-sede da Elétrica (Avenida Sergipe, número 220, bairro Glória), tombado como patrimônio histórico do município e posteriormente abandonado. Curiosamente, após o fim do empreendimento (ocasionado por problemas com a junta comercial), novos discos seriam gravados na capital gaúcha apenas na década de 1970.
Produzido pela Panda Filmes, o longa estreia no Festival de Gramado de 2012, e é exibido em países como Portugal, Colômbia e Argentina. No território nacional, circulou por cidades como Rio de Janeiro, Florianópolis, Bagé, São Leopoldo e Pelotas, além de Porto Alegre. Teve como principal distinção o Prêmio DeLart de melhor filme, que resultou em 20 horas de mixagem de áudio nos estúdios DeLart – pelo reconhecimento ao melhor trabalho conjunto entre trilha sonora e sound design. Tem exibições constantes em canais de televisão como a TV Brasil.

A Casa Elétrica é o primeiro longa-metragem dirigido por Gustavo Fogaça, que também assina o roteiro e atua como o brasileiro que conversa com os argentinos, em Buenos Aires. Antes, ele dirige DVDs. O realizador é filho de José Fogaça, ex-prefeito de Porto Alegre (2005-2010), que faz uma curiosa ponta, no papel de José Montaury (1858-1939), intendente real da capital gaúcha por 27 anos. Guffo, como é conhecido, produziu um documentário no qual aprofundou o assunto: acasaeletrica.doc (2010). Ele tem ainda no currículo obras como episódio no longa 13 histórias estranhas (2015), além de produções para a TV, como a série Liberto (2019). O elenco inclui artistas de dupla nacionalidade, como o protagonista Nicola Siri (ítalo-brasileiro) e os atores coadjuvantes Jean Pierre Noher (franco-argentino) e Kevin Johansen (argentino-norte americano).

Sinopse


No Café Tortoni, em Buenos Aires. Um grupo de senhores idosos conversa sobre o tango, uma paixão nacional da Argentina. Esse estilo musical não seria mais tão valorizado quanto foi um dia, reclamam. Um deles acredita que o primeiro tango tenha sido "El Rey de los bordoneos", do maestro Arolas. Outro discorda, e afirma que a primeira composição foi "El Morochito", de Vicente Grecco. A discussão quase termina em briga, mas é contida com a ajuda de Júlio César, um turista brasileiro que estava de passagem pelo local. Convidado a se sentar na mesa, Júlio César revela que é um músico natural de Porto Alegre. Ele diz saber qual foi o primeiro tango a ser gravado no formato de disco. E mais: diz que isso aconteceu no Brasil.
Essa história, desconhecida pelos argentinos, começa a ser contada a partir de 1910, na capital gaúcha. Os responsáveis pela façanha são três irmãos de nacionalidade italiana: Aquiles, Carlos e Saverio Leonetti. Saverio é o líder da família, um imigrante recém-chegado ao Rio Grande do Sul, muito comunicativo e com energia para tocar uma loja que inicialmente vende cartões postais. Ao circular pela noite da cidade, Saverio conhece Ana Beatriz, uma jovem à frente do seu tempo. Ana Beatriz é casada com o próprio tio, um desembargador muito mais velho do que ela, e é fascinada pelas artes. De modo secreto, a moça até se apresenta em cabarés da cidade, se fazendo passar por um homem. Através do contato com essa moça, Saverio fica sabendo que há um interesse cada vez maior das pessoas pela música, sobretudo a partir da comercialização de gramofones – equipamentos que reproduzem sons gravados em discos.
O problema é que Porto Alegre ainda era considerada uma cidade atrasada nesse sentido: não registrava composições, não tinha gramofones e só permitia música nos bailes municipais. Disposto a agradar cada vez mais Ana Beatriz, por quem está apaixonado, Saverio decide investir nessas novidades. Ele reformula e amplia sua loja, que passa a se chamar "Casa A Electrica – Fabrica de Discos". Produz o primeiro gramofone. E fecha acordo com uma dupla chamada Os Robertos, os favoritos de sua musa, para gravar o desempenho deles (ao violão e ao acordeão) em estúdio.
Os investimentos fazem sucesso, mas também começam a despertar reações contrárias. A junta comercial da cidade não vê com bons olhos a iniciativa. E Saverio enfrenta um problema pessoal ainda maior: cede aos galanteios de uma secretária e é flagrado fazendo sexo com ela – justamente por Ana Beatriz. Decepcionada, Ana Beatriz decide se mudar definitivamente com o marido, para a Argentina. Saverio irá atrás dela, e terá a chance de ampliar de forma significativa sua rede de contatos.

Ficha técnica


ELENCO
Nicola Siri (Saverio Leonetti),
Carmela Paglioli (Ana Beatriz de Guimarães),
Jean Pierre Noher (Alfredo Améndola),
André di Mauro (Carlos Leonetti),
Juan Arana (Aquiles Leonetti),
Morgana Kretzmann (Olga),
Rafael Pimenta (Moisés).
Participação especial:
Gilberto Perin (Augusto Alencar), José Fogaça (José Montaury), Kevin Johansen (Canaro), Leonardo Machado (Apresentador), Oscar Simch (Desembargador Guimarães),
Carlos Garric, Guido Gorgatti, Italo Damiano, Mario Labardén,
Gogó Andrreu (Velhinho 1), Max Berliner (Velhinho 2), Arturo Bonin (Velhinho 3), Fernando Heredia (Velhinho 4),
Jorge Martins (Assistente 1 Alencar), Marcos Kligman (Assistente 2 Alencar), Isabela Fogaça (Esposa Montaury), Preta Pereira (Empregada), Helga Kern (Cantora de samba), Paulo Rosa (Geraldo Magalhães), Viviam Salva (Esposa de Moisés), Gustavo Fogaça (Rapaz brasileiro).
Elenco de apoio (BR): Angela Martins, Claus Andreas Pupp, Elisa Lucas, Karine Marques Capiotti, Liege Beatriz Muller, Naiara Harry, Rafael Régoli, Tonho Crocco, Z. Bigga.
Elenco de apoio (AR): Ramiro Vicente, Verônica Soldano, Adrian Vexina, Mariano Quinteros, Fernanda Moran, Ezequiel Pedro, Juan Uriel Durjo, Sol Janik.
Figuração (Porto Alegre): Adilson Luis Sebastião, Adriano Dutra Ramos, Alan Fagundes, Aline Lunkes Borin, Aline Paz Delfim, André Pinto Lara de Carvalho, Bruno de Freitas, Bruno Marcan de Carvalho, Christian Louzada Corrêa, Cláudia Lewis, Cláudio Luza, Cristiane Krás Borges, Daniel Paz Delfim, Daniela Gil, Débora Muller Oliveira, Diego da Silva Farias, Diego da Silva Silveira, Diógenes Carboni, Eduardo da Silva Garcia, Fábio Piffero Füller, Fábio Ribeiro Dias, Felipe Jockyman, Fernanda Martins, Fernando Hammel, Gabriel Fontoura Motta, Gabriela Muniz Feitosa dos Santos Bueno, Geni Guerra Jacintho, Gilmar Alberto Jacintho, Girley Paes, Grasiela da Costa, Graziela Franco, Hebert Julio Domine, Helena Mattos Brasil, Henrique Schmidt dos Reis Lacerda, Igor Silva Ramos, Ingrid Katiane Machado Bonini, Jaime Einloft Pereira, Jamila Carvalho Pereira, João Fernandes, Juliana Bramraiter, Juliana Camargo Thomaz, Juliana Luzardo, Juliano Fortini, Júlio César de Almeida, Justina Inês Rodrigues Porcino, Karina da Silva Rocca, Karine Marques Lemos, Kelly Goebel Souza, Lauri Francisco Bernardes Filho, Lourenço de Pauli Sousa, Luana Padjem Bastos, Lucas Tuchtenhagen, Luciano Souza Graboski, Luciéty Tavares da Silveira, Luisa Tomasini Potrich, Luiz Heitor Chanan, Mafalda Panatieri, Marcelo Lima, Márcia Borba, Márcio Guedes, Maria Luiza Pereira Costa, Mariana Frantzeski, Mario Fonseca Junior, Marlene T. Pereira, Martha Postiglione Serrano, Mateus Pedro Adam da Silveira, Max Baptisti Maciel, Melanie Graille, Neil Adriano Dornelles Collins, Nelci Sica, Paula S. Costa, Plínio Marcos Rodrigues, Rafael T. Grendene, Raquel Amsberg de Almeida, Renan E. de Almeida, Rodilaine Maroso Bramraiter, Rui Koetz de Moura, Sandra Brito Viégas Silva Ullmann Jaeger, Simone Gonzalez Gomes, Sonia M. Faion Salva, Thiago dos Santos Beckmann.
Ana Sager Rodrigues (Criança).
Figuração (Pelotas): Alan R. R. Fagundez, Fábio Ribeiro Dias, Gabriela M. F. dos Santos Bueno, Henrique S. dos Reis Lacerda, Lauri Francisco Bernardes Filho, Luciéty Tavares da Silveira, Sandra Brito Viégas, Tiago Kapper.
Otávio Müller Oliveira, Thiarla Oliveira Jardim Vaz (Crianças).

DIREÇÃO
Direção: Gustavo Fogaça.
Primeira assistência de direção: Geraldo Borowski.
Segunda assistência de direção: Gabriel Cevallos.
Segunda assistência de direção (AR): Arturo Vicco.
Continuidade: Mari Moraga.
Assistência de direção na pré-produção: Valentina Metsavaht Cará.

ROTEIRO
Baseado em fatos reais.
Roteiro: Gustavo Fogaça.
Corroteiro: Arturo Vicco, Geraldo Leonetti, Jean Pierre Noher.

PRODUÇÃO
Produção: Beto Rodrigues.
Produção executiva: Beto Rodrigues, Tatiana Sager.
Assistência de produção executiva: Laura De Castro, Isabel Feix, Sandra dos Santos.
Direção de produção: Mônica Catalane.
Primeira assistência de produção: Kátia Samara.
Segunda assistência de produção: Audrey Pereira.
Terceira assistência de produção: Luini Nerva.
Secretaria de produção: Julia Herzog, Rodrigo Schuster.
Produção de elenco: Dani Fogliatto.
Assistência de produção de elenco: Carina Bernardi.
Estagiária de elenco: Loly Krá.

Platô: Tiago Kraemer.
Assistência de platô: Jamerson Porto.
Produção de set: Josias Salvaterra.
Produção de alimentação: Karime Massulo.
Primeira assistência de alimentação: Jairo.
Motoristas: Leandro Mercanti (coordenação da empresa Sulvans), Fábio Arocha (Sprinter 1 – arte), José Carlos 'Zé' (Sprinter 2 – figurino), Rodrigo (Sprinter 3 – câmera e equipe), Luis Alberto Muniz (Sprinter 4 – elenco), Marcos P. Martins (Sprinter 5 – viagem), Ovídeo (Sprinter 6 – viagem), Fábio Leandro Fraga de Paula (carro pré-produção), Beto Ramos (caminhão elétrica e maquinaria), Adriano (caminhão frete), Sandro Vicente Barreto (ônibus).

Financeiro: Laura De Castro, Sandra dos Santos.
Auxiliar financeiro: Leandro Silveira.
Coordenação contábil: Álvaro Flores.
Assessoria jurídica: Thais Werutski.

EQUIPE Argentina
Produção executiva: Arturo Vicco.
Direção de produção: Vanessa Lejardi.
Pré-produção: Ana Luiza Figueira Salles, Kika.
Primeira assistência de produção: Ximena Espina.
Segunda assistência de produção: Javier Orellano.

EQUIPE Pelotas
Produção: Victor / SECULT.
Produção de elenco: Luciano Zero Gonçalves.

BASE
Serviços gerais sede Panda Filmes: Justa Porcino Rodrigues.
Serviços gerais Campus Viamão: Rosângela, Karine.

FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Alexandre Berra.
Operação de câmera: Márcio Cardoso.
Logger: Ricardo Zauza.

Eletricista chefe: Leonel Ruiz.
Primeira assistência de elétrica: Luis Chaves.
Segunda assistência de elétrica: Carlinhos Dutra Chaves.
Maquinista chefe: Bolivar Lauda.
Primeira assistência de maquinaria: Daniel Duarte Tavares.

EQUIPE Argentina
Operação de câmera: Eduardo Alejandro Turri.
Operação de grua: Leonardo Rizzo.
Eletricista chefe: Alejandro Padin.
Primeira assistência de elétrica: Marcos Rafael Tanno.
Segunda assistência de elétrica: Diego Araujo.
Maquinista chefe: Gonzalo Boraglio.
Motorista: Horácio Villar (caminhão de elétrica).

Fotografia de cena: Katia Bomfiglio Espíndola.
Making of: Rodrigo Castro.

ARTE
Direção de arte: Eduardo Antunes, Raiza Antunes.
Assistência de arte: Sheila Marafon.
Estagiário de arte: Melanie.
Produção de objetos: Bruno Tasca.
Assistência de arte (Pelotas): Mateus
Estagiária de arte (Pelotas): Clarissa do Vale.
Cenotécnica: Nelson Rosa Viana.
Primeira assistência de cenotécnica: Ceveni dos Santos Monteiro.
Segunda assistência de cenotécnica: Clederson dos Santos Monteiro.
Terceira assistência de cenotécnica: Luis Gustavo.
Quarta assistência de cenotécnica: Luciano Garcia Portolam.

Figurino: Marcia Matte.
Assistência de figurino: Bruno Padjen.
Estagiária de figurino: Lis Tópor.
Costureiras: Elaine Roos, Ioná Pahissa.
Figurinista convidada – criação figurino das personagens Ana Beatriz e Olga: Nádia Farrington.
Realização do figurino das personagens Ana Beatriz e Olga: Ceci Boque.

Maquiagem: Nancy Marignac.
Assistência de maquiagem: Claudio Battaglin.
Cabelo: Val Oliveira.

EQUIPE Argentina
Assistência de arte: Andres Garcia.
Assistência de figurino: Florencia Saavedra.
Maquiagem: César Alfonso.
Assistência de maquiagem: Paola Salerno Troian.
Cabelo: Valentina Gomes Carvalho.

SOM
Som direto: André Sittoni.
Primeiro microfonista: Guto Keller.
Segundo microfonista: Lucas Pedroso.
Terceiro microfonista: Rodrigo Ramos.
Microfonista (AR): Diego Morgavi.

MÚSICA
Direção musical: Sérgio Rojas, Gustavo Fogaça.
Trilha original: Sérgio Rojas.

Músicas (não creditadas):
• "The Blue Danube, op. 314" (Johann Strauss) [Álbum: The Best of New Year's Concert]
• "Cuesta abajo" (música: Carlos Gardel, letra en español: Alfredo Le Pera; tango-canción)
• "Senza te" (música, letra: José Fogaça) por Isabela Fogaça [CD: Sons da minha vida, Biscoito Fino; faixa 08/16]

FINALIZAÇÃO
Montagem: Luca Alverdi.
Montador assistente: Alfredo Barros.
Primeira assistência de montagem: Bruno Carboni.
Segunda assistência de montagem: Ricardo Zauza.
Terceira assistência de montagem: Thiago Köche.
Quarta assistência de montagem: Rodrigo Schuster.

Produção de finalização: Bibiana Mandagará, Isabel Feix.
Assistência de finalização: Haroldo Paraguassú de Souza.

EQUIPE Argentina
Produção de finalização: Arturo Vicco.
Efeitos especiais: Daniela Sochel.
Finalização de imagem: Alejandro Azza / Betaplus.

Desenho de som: André Sittoni.

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Captação de recursos: Display Cultural; Chemale Rio Produções.
Assessoria contábil: Tecnicom; Nexus Contabilidade (Porto Alegre).

Estúdio de edição de som: Tree Top (Porto Alegre).

MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Panda Filmes (Porto Alegre).
Coprodução: Betaplus Broadcasting (Ciudad Autónoma de Buenos Aires); Bamboo Filmes (São Paulo).
Financiamento (BR/RS): Edital SEDAC nº 10/2011: Concurso RS Polo Audiovisual – Finalização de longa-metragem. Realização: SEDAC Secretaria de Estado da Cultura, por intermédio do IECINE Instituto Estadual de Cinema do RS / Governo do Rio Grande do Sul.
Captação de recursos: através das seguintes leis:
Lei de Incentivo à Cultura Lei nº 8.313/91 (Lei Rouanet) / ANCINE Agência Nacional do Cinema / MinC Ministério da Cultura;
Lei do Audiovisual Lei nº 8.685/93 / ANCINE Agência Nacional do Cinema / MinC Ministério da Cultura;
Pró-cultura RS Lei nº 13.490/2010 / SEDAC Secretaria de Estado da Cultura / Governo do Rio Grande do Sul.
Patrocínio: Banrisul Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A. / Governo do Estado Rio Grande do Sul; Banrisul S.A. Corretora de Valores Mobiliários e Câmbio; Produtos de Limpeza Girando Sol; Q & T Equipamentos-Dutotec-QT Mov; Grupo CEEE; Massas D'Itália; Sbardecar – A sua escolha Fiat; Celulose Riograndense.
Apoio cultural: Apema Locação de Equipamentos de Produção Cinematográfica.
Apoio institucional: SECULT Secretaria Municipal da Cultura / Prefeitura Municipal de Pelotas.

AGRADECIMENTOS
Agradecimento especial: irmã Maria José, Wilton Soares Martins.
Agradecimentos da produção: George Redivo Pinto, Pedra Redonda Piscinas & Lareiras, Vinícios Carvalho, DMLU Zona Sul, Jaime Einloft Pereira.
Agradecimentos especiais da produção (Pelotas): Andréia Fetter Zambrano, Irineu Lamas Pereira, J. A. Wagner, Káka, Mogar Xavier, Renato S. Vuikoski, Satte Alam, Suzana Guimarães Zambrano, Theatro Guarany.
Agradecimentos: Bollick Molduras, dra. Margarida, Laboratório Dr. Rouget Perez, Mauro Bollick, Museu Helena Assumpção (Pelotas), Neco Tavares, Oficina de Funilaria / Irineu Lamas Pereira, Wagner Balbi de Oliveira.
Apoio cultural produção: Algodão Apolo, Arbaza, Biscoito Kunst, Codil Alimentos, DMAE, Girando Sol, Jimo Química Industrial, Kalahary Cosméticos, Lavanderia Bolha Azul, Master Express Grande Hotel, Master Place Express, Petit Sable, Pilecco Nobre Alimentos, Red Bull, Replast, Restaurante Barranco, Restaurante Chez Philippe, Restaurante Equilibrium, Restaurante Marco's, Restaurante Usina de Massas, Tricofil.
Apoio institucional: Colégio Vicentino Santa Cecilia, APTC-ABD-RS, Brigada Militar, Consulado Geral da Argentina, Museu Joaquim José Felizardo, Palacinho, PUCRS Pontifícia Universidade Católica do RS / Campus Viamão, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre.
Agradecimentos da arte (Porto Alegre): Sebastião Flores e Decorações, Empório das Sedas, Hagel La Porta, Instituto Musical Orion, Sitel Lençóis de Malha, Banca 33 do Mercado Público.
Apoio ao figurino: Luppo, Núcleo de Especiais RBS TV, Luiz Carlos Matte, Velho Armazém Antiguidades (Gramado), Exuberance Noivas, Ester Noivas, Brechó Balaio de Gatos, Eskola de Costura, Katia Costa Barea, Acervo Isabela Fogaça.
Produção (Pelotas): Theatro Guarany, Satte Alam.

FILMAGENS
Argentina, na Ciudad Autónoma de Buenos Aires, em lugares como fachada e interior do Café Tortoni;
Brasil / RS, em Viamão [TECNOPUC TECNA], para os interiores; em Pelotas, exteriores.

ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:49:42
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela:
Formato de captação:
Formato de exibição: HD
Idioma: Português, español, italiano, com legendas em português.

DIVULGAÇÃO
Assessoria de imprensa: Renata Colombo, Isabel Feix.
Arte gráfica: Andrei Schneider, Letícia Kipper.

PREMIAÇÃO
• 7º Festival CineMúsica de Conservatória 2013: Prêmio DeLart de melhor filme + 20 horas de mixagem de áudio nos estúdios DeLart [prêmio de melhor filme ao longa que mais valoriza o trabalho conjunto entre trilha sonora e sound design].

DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa: 12 anos.
Distribuição: Panda Filmes.
Contato: Panda Filmes.

OBSERVAÇÕES
Existe o documentário: acasaeletrica.doc (Gustavo Fogaça, 2010, 52 min). Uma parte da história da evolução musical na América Latina, através da vida do imigrante Saverio Leonetti e sua fábrica de gramofones e discos. Fotografia: Alexandre Berra. Distribuição: Panda Filmes.

Jorge Martins, Marcos Kligman, Preta Pereira, Italo Damiano, Carlos Garric, Gorgati Guido e Mario Labardén estão creditados em participações especiais e em elenco de apoio | Com exceção de Tiago Kapper, os outros nomes que aparecem em figuração Pelotas também estão creditados em figuração Porto Alegre, sendo que alguns apresentam grafias diferentes: Alan Fagundes e Alan R. R. Fagundez, Gabriela Muniz Feitosa dos Santos Bueno e Gabriela M. F. dos Santos Bueno, Henrique Schmidt dos Reis Lacerda e Henrique S. dos Reis Lacerda, Sandra Brito Viégas Silva Ullmann Jaeger e Sandra Brito Viégas.

Títulos alternativos: La Casa Elétrica | Eletric House
Grafias alternativas: Juan Arena | Leonardo Machado e Leo Machado | Guido Gorgatti e Gorgati Guido | Girley Brasil Paes | Josias Salvaterra 'Mano' | Gustavo Fogaça e Guffo (direção musical) | Tiago Kramer | Leonel Gómes Ruiz 'Cebola' | Bolívar Andrade Lauda | Luis Eugênio Dutra Chaves 'Kunta' | Branco [= Claudio Battaglin] | Haroldo Paraguassú | Jamerson | Dani Fogliato | Leandro | Fábio Catalane [= Fábio Arocha] | Luis Alberto Muniz 'Betinho' | Apema | Bruno Padgen | Karime Massulo Dutra | Álvaro Sacol Flores | Laura Enrich [= Laura De Castro] | Nelson Vianna | Banrisul | Banrisul Corretora de Valores | Paola Salermo Troian | Wisconsin Wilton Soares Martins | Teatro Guarany | Valentina Cará | Daniel Duarte | Mariana Moraga
Grafias alternativas (funções): Figurino e Direção de figurino | Fotografia still | Coordenação financeira | Limpeza | Produção de platô | Assistência de elenco

BIBLIOGRAFIA
VEDANA, Hardy. A Eléctrica e os Discos Gaúcho. Porto Alegre: Petrobras, 2006. 251p. il. (acompanha três CDs)

Exibições


• Gramado (RS), 40º Festival de Cinema de Gramado [10-18 ago]-Mostra Especial de Cinema Gaúcho, Palácio dos Festivais, 17 ago 2012, sex, 15h

• Rio de Janeiro (RJ), 14º Festival do Rio [27 set-11 out]-Première Latina, 1º out 2012, seg

• Lisboa (PT), FESTin 4º Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa [3-10 abr]-Mostra do Cinema Brasileiro, Cinema São Jorge (Av. da Liberdade, 175) Sala 3, 6 abr 2013, sab, 22h

• Florianópolis (SC), FAM 17º Florianópolis Audiovisual Mercosul [14-21 jun]-Mostra de Longas Mercosul, Auditório Garapuvu no Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina, 16 jun 2013, dom, 21h

• Oberá, Provincia de Misiones (AR), 10º Oberá en Cortos [16-20 jul]-Muestras Paralelas-Largometrajes de la Triple Frontera, Cine Teatro Oberá, 17 jul 2013, qua, 22h

• Conservatória (RJ), 7º Festival CineMúsica de Conservatória [5-8 set], Cine Milímetro, 6 set 2013, sex, 16h

• Medellín (CO), CICA II Festival de Cine Castilla [1º-5 nov]-Mostra Brasil Sul II, nov 2013

• Bagé (RS), 5º Festival Internacional de Cinema da Fronteira [25-30 nov]-Mostra Cinema às Cinco, Centro Histórico Vila de Santa Thereza-Teatro Santo Antônio (Av. Visconde Ribeiro de Magalhães), 27 nov 2013, qua, 17h

• Porto Alegre (RS), Cinemateca Paulo Amorim-Sala Eduardo Hirtz,
21 ago 2014, qui, 19h (coquetel), 20h (pré-estreia)
28-31 ago, 2, 3 set 2014, qui-dom, ter, qua, 17h, 19h30

• Guaíba (RS), Centro Cultural do Instituto Gomes Jardim, 21 ago 2014, qui, 20h

• São Leopoldo (RS), Centro Cultural José Pedro Boéssio, 28 ago-4 set 2014, qui-qui, 18h, 20h

• Porto Alegre (RS), 1ª Semana Farroupilha Cineflix [18-24 set], Shopping Total, 18-21 set 2014, qui, 19h20, sex, 22h, sab, 14h, dom, 16h40

• Porto Alegre (RS), 1ª Semana Farroupilha Cineflix [18-24 set], Shopping João Pessoa, 19, 20, 24 set 2014, sex, 22h, sab, 14h, qua, 22h

• Pelotas (RS), 1ª Semana Farroupilha Cineflix [18-24 set], Shopping Pelotas, 18-21, 23, 24 set 2014, qui, 19h20, sex, 22h, sab, 14h, dom, 16h40, ter, 16h40, qua, 19h20

• Porto Alegre (RS), Auditório Luís Cosme da Discoteca Pública Natho Henn, 30 abr 2016, sab, 16h

• YouTube, disponível desde 24 nov 2020

• Porto Alegre (RS), Cinemateca Capitólio, 15 ago 2021, dom, 18h

Arquivos especiais


Depoimento de Gustavo Fogaça recolhido por Rodrigo Figueiredo Nunes para o Portal do Cinema Gaúcho, em 2022:

O cineasta Gustavo Fogaça conta que o projeto do filme começou a nascer em 1998. Ele morava em Buenos Aires e estava se formando na faculdade de Cinema, mas veio a Porto Alegre para a festa de lançamento do disco Amigos e canções, de seu pai José Fogaça. Durante o evento, o poeta Luiz Coronel lhe apresentou a Geraldo Leonetti, sobrinho-neto de Saverio Leonetti, fundador da Casa A Electrica, que lhe contou toda a história da empresa. Empolgado com a descoberta, o realizador teve a certeza de que o material poderia render um filme. Geraldo Leonetti cedeu os arquivos da família e se dispôs a ajudar no que fosse possível, mas veio a falecer pouco tempo depois, em 2000. Fogaça, que havia começado a escrever o roteiro, abortou o plano porque não tinha mais certeza se voltaria ao Brasil. Em 2005, porém, o diretor voltou a morar em Porto Alegre e conheceu o produtor Beto Rodrigues (Panda Filmes), que ofereceu a possibilidade de um trabalho em conjunto.

O projeto englobou dois filmes: um documentário e um filme de ficção. O documentário quis preservar a vida e a trajetória das pessoas reais, e também teve o objetivo de fazer um paralelo entre a cena sonora das cidades de Buenos Aires, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Fogaça afirma que as ações de Saverio foram fundamentais para a história da música e que, após o fim da Casa A Electrica, surgiu um buraco na capital gaúcha – o espaço seria ocupado pelo Rio de Janeiro, novo centro cultural do país. Naturalmente, o filme ficcional teve mais liberdade, agregando novos personagens e novas situações. O orçamento incluiu o uso de recursos públicos, como Lei do Audiovisual e Lei de Incentivo do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, totalizando cerca de R$ 1 milhão 900 mil. Do montante, o documentário se valeu de 400 mil.

Fogaça entende que foi um desafio a realização de um filme de época, sem efeitos especiais, com esses valores. As cenas internas, em Porto Alegre, foram feitas no TECNOPUC ECNA (Parque Científico e Tecnológico da PUCRS), graças a uma parceria com a universidade. Os ambientes exteriores foram filmados em Pelotas, pela conservação da parte histórica da cidade, além de Buenos Aires. O documentário, por sua vez, foi rodado em Porto Alegre, Rio de Janeiro e Buenos Aires. Durante as filmagens, o que mais agradou o diretor foi "o gás do cinema independente em ação": atores, direção de arte, fotografia, todos atuaram com bastante paixão. Muitos profissionais tiveram a sua primeira experiência em longa-metragem aqui, casos do diretor de fotografia Alexandre Berra, do ator protagonista Nicola Siri, do próprio Fogaça. O lado negativo do projeto foi a limitação orçamentária, que exigiu um cronograma de trabalho mais apertado, no contexto de uma produção independente.

Sobre a fidelidade histórica, que dá a Saverio Leonetti o pioneirismo do primeiro tango gravado da história, Fogaça destaca: se gravavam tangos em Buenos Aires antes da Casa A Electrica, mas não se prensavam discos por lá. Uma matriz (gravação única) era feita, para posterior remessa à Europa, onde se prensava o disco para geração de cópias, a serem comercializadas na Argentina. Em Buenos Aires, portanto, não se prensava nem se fabricava discos. "El Chamuyo" foi o primeiro tango gravado, prensado, fabricado e multiplicado na América do Sul, feito na Casa A Electrica, na voz de Francisco Canaro. Isso é reconhecido historicamente pelos pesquisadores da área. O folclorista Paixão Côrtes, que estudou profundamente o tema e gravou depoimento para o documentário, corroborava essa versão – ainda que reconhecesse a polêmica acerca de qual teria sido o primeiro tango de todos. No longa-metragem, porém, há uma importante personagem inventada: Ana Beatriz, principal interesse romântico do protagonista, que jamais existiu. Todos os fatos históricos estão presentes, assegura o diretor, que apenas admite ter dado mais peso à história de amor, no filme ficcional.

Além dos ritmos musicais apresentados na obra, Fogaça assegura que a Casa A Electrica também se envolveu com um variado repertório geral: xotes, valsas, temas marciais (de bandas do exército, bombeiros etc.). Colaborava o fato de Porto Alegre ser uma referência de cidade musical, o que gerava convites para artistas virem se apresentar no sul do Brasil. O selo Gaúcho ficou mais famoso, mas a Casa A Electrica lançou outros selos, abrangendo tudo que era popular no período. Alguns episódios que ficaram de fora do roteiro foram a história prévia da família, antes de chegar a Porto Alegre (com passagem pelos Estados Unidos) e a fase posterior (com a mudança para São Paulo e Rio de Janeiro, até a morte do empresário, em Niterói, RJ). Cerca de 19 páginas do roteiro tiveram que ser descartadas.

Acerca do motivo para o fechamento da Casa A Electrica, Fogaça reafirma que a Junta Comercial de Porto Alegre foi uma das principais responsáveis pelo caso, em virtude do não pagamento de impostos. De acordo com a pesquisa feita pela equipe de produção, no entanto, a Junta apenas cumpria o seu papel – ao passo que Saverio se recusava a colaborar com os agentes. Saverio Leonetti, na verdade, envolveu-se em diversas disputas jurídicas, sendo famosa a primeira jurisprudência envolvendo roubo de direitos autorais no Brasil: o empresário pegou discos pertencentes a uma empresa rival (a Casa Figner, de São Paulo) e os vendeu como se fossem dele. Perdeu o processo na justiça. Ele também mantinha uma postura de arrogância e conflito com o governo e os fiscalizadores, o que só lhe trouxe prejuízos. 

Com relação à repercussão do seu filme, Gustavo Fogaça disse que o público costuma ficar fascinado e surpreso com a história, pelo fato de desconhecê-la. Na época em que os fatos aconteceram, discos eram prensados em apenas dois lugares do continente americano: Nova York e Porto Alegre. A divulgação foi coerente com os recursos limitados que a produção dispunha, mas houve boa acolhida nos festivais (Rio de Janeiro, Gramado, Medellín, Concórdia). Quando da primeira exibição na televisão, na TV Brasil, o filme bateu o recorde de audiência no horário. Também passou na TV Cultura, e demais emissoras públicas. Mais de 60 escolas públicas também tiveram a oportunidade de mostrar a obra para os alunos, dentro de um programa do governo gaúcho que estimulava contato com o audiovisual local, no interior. Depois, houve migração para streamings, como YouTube e Sulflix.

Como citar o Portal


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A Casa Elétrica. In: PORTAL do Cinema Gaúcho. Porto Alegre: Cinemateca Paulo Amorim, 2024. Disponível em: https://www.cinematecapauloamorim.com.br//portaldocinemagaucho/828/a-casa-eletrica. Acesso em: 19 de maio de 2024.