Cidadãos da rua – Eles têm voz (2022)
Brasil (RS)
Longa-metragem | Não ficção
cor, 75 min
Companhia produtora: ONG Centro Social da Rua
Primeira exibição: Porto Alegre (RS), Concha acústica do Theatro São Pedro, 28 ago 2022 [Dia do Voluntariado], dom (pré-estreia em evento presencial e fechado para a população de rua, trabalhadores da assistência social, voluntários e imprensa)

Este filme foi idealizado pelo Centro Social da Rua, uma ONG Organização Não Governamental que busca auxiliar cidadãos em condição de vulnerabilidade social. Em 2020, ao final do primeiro ano da pandemia de covid-19, a entidade começou a recolher dados e a conversar com inúmeros moradores de rua, a fim de saber como estavam as suas condições de vida. Um total de 805 indivíduos respondeu aos questionários, que chamaram a atenção para a presença de cinco grandes desafios diários: violência, drogas, alimentação, moradia e trabalho. A realização do documentário teve o objetivo de lançar luzes sobre essa população, fomentando um debate sobre a necessidade de adoção de políticas públicas. Na época do lançamento, a FASC Fundação de Assistência Social e Cidadania contabilizava cerca de 2,5 pessoas vivendo em condições de abandono na capital gaúcha.
Cidadãos da rua – Eles têm voz é composto pelos depoimentos exclusivos de 23 delas, sem a participação de outros agentes envolvidos com esse universo, como assistentes sociais. De uma maneira geral, as entrevistas possuem bastante semelhança, e apresentam histórias tristes e sofridas de seres humanos que acabaram indo por esse caminho por conta de experiências traumáticas anteriores – como ambientes familiares desestruturados, violência doméstica e perda ou afastamento de afetos. Entregues à própria sorte, muitos entram em depressão, passando a beber e consumir substâncias ilícitas (cocaína, LSD, crack), como uma forma de fuga da realidade. Algumas das falas são impactantes: "A droga te faz fazer coisas anormais, deixar de ser quem você é", "Eu fumei todo o apartamento que o meu pai me deu" ou "Se o demônio queria pegar almas para ele, tomou a melhor decisão: fazer o crack".
No intuito de sustentar o vício, muitos dos envolvidos acabam praticando crimes e acumulando passagens pela cadeia. O contexto cria uma imagem negativa, que contribui para o preconceito e a indiferença social, outra chaga de sofrimento apontada pelos andarilhos. Ao reclamar da invisibilidade, um deles comenta que talvez não interesse aos políticos eliminar a pobreza, já que muitos se elegem às custas dela. Existem ainda relatos de maus tratos contra a comunidade, na esfera física ou psicológica. Para quem tenta se sustentar com alguma dignidade, uma das alternativas é recolher materiais recicláveis, como cobre ou alumínio. Mas essa opção exige esforço diário e vai resultar em um ganho baixo – estimado entre 50 a 150 reais, dependendo do dia.
Apesar do quadro difícil, o filme se encerra com alguma esperança, apresentando os casos de ex-moradores de rua que conseguiram se reerguer. O exemplo mais emblemático é o de Jorge Luís Martins, que passou fome e frio nos bancos da Praça da Alfândega – mas aceitou um emprego de lavador de pratos em um restaurante da Assembleia Legislativa, posteriormente vindo a estudar, fazer pós-graduação e lançar três livros. Também são apresentadas imagens de iniciativas solidárias que oferecem algum conforto para essa população, como o Prato Alegre (que fornece comida) e o Banho Solidário (que auxilia com a higienização). Com direção de Tatiana Sager, roteiro de Renato Dornelles e montagem de Gabi Paschoal, o longa promove o reencontro de profissionais que já haviam atuado em Central (T. Sager, R. Dornelles, 2016), premiado documentário sobre o antigo Presídio Central.
Para Letícia Andrade, coordenadora geral da ONG, o longa chega para reforçar a importância e a urgência do debate sobre a realidade da população de rua no país: "Essas pessoas precisam ter voz ativa na sociedade, principalmente para falarmos sobre temas necessários como o direito à moradia, fome, trabalho, violência e drogas. Queremos evidenciar os maiores problemas da rua com a voz de quem vive nela".
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Sinopse
Trajetória de pessoas que se encontram em situação de rua, na cidade de Porto Alegre. São vários personagens, incluindo uma idosa, uma transexual, jovens, homens e mulheres. Também há espaço para indivíduos que já estiveram nesta mesma condição, mas conseguiram sair e contam como conseguiram superar as dificuldades.
Letreiros iniciais:
// Pessoa: substantivo feminino. 1. Indivíduo considerado por si mesmo; ser humano, criatura. 2. Indivíduo notável, eminente; personagem. //
// Pessoas amam arte. / Comunicam-se. / Ouvem música. / Têm um dom. / Trabalham. / Leem jornal. / Sonham. //
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Ficha técnica
IDENTIDADES
Ordem de identificação: Marcia Cristina, Cristiano Mittidiero, Lourdes Vieira, Maria de Cassia, Luisa Leite, Jorge Martins, Paulo Ricardo Silva da Rosa, Taiane Andressa Rodrigues, Doralice Vaz dos Santos, Valter Ungethuem, Maicon Gomes da Costa, Marcelo Menezes, Lucas Poncione, Daniel Pistorello Vieira, Henrique Roni, Rafael Becker da Silva, Milena, Raquel Silva, Douglas Pinto, Maria Cruz, Claudia Dias, Guaraci Lima, Vladimir Paim Santos.
DIREÇÃO
Direção: Tatiana Sager.
ROTEIRO
Argumento: Letícia Andrade, Rosane Furtado.
Roteiro: Renato Dornelles.
Pesquisa: Jacqueline Junker Fuques, ONG Centro Social da Rua.
PRODUÇÃO
Direção de produção: Raquel Sager.
Gerência administrativo: Gustavo S. Jesus.
FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Gabriel Sager.
Fotografia de cena: Leonardo Tortorelli.
SOM
Som direto: Tiago Pintaude, Wendel Fey.
MÚSICA
Trilha original: Zé Caradípia.
Músicas:
• "Filosofanças" (Zé Caradípia)
• "Improviso" (Fernando Sesse)
• "Improviso de baixo Eles têm voz" (Everson Vargas)
• "Tema do Lixo" (Zé Caradípia)
• "Mantra Eles têm Voz" (Zé Caradípia)
• "Prematuro" (Zé Caradípia, Samuca do Acordeon)
• "Valsa Eles têm voz" (Zé Caradípia)
• "Mantra Eles têm voz" (Zé Caradípia)
• "Samba Eles têm voz" (Zé Caradípia)
• "Vida que segue" (Zé Caradípia)
ARQUIVO
Citações:
Livros: Bíblia Sagrada; Meu nome é Jorge, de Jorge Martins.
FINALIZAÇÃO
Montagem: Gabi Paschoal, edt., Gabriel Sager.
Mixagem: Wendel Fey.
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Produção executiva: ONG Centro Social da Rua (Porto Alegre).
Contabilidade: Zannoni Assessoria Administrativa Ltda. (Porto Alegre); ONG Centro Social da Rua.
Assessoria jurídica: Studio Assessoria (Porto Alegre).
Captação de recursos: LPM Comércio de Artigos Esportivos e Serviços Administrativos Ltda. (Caxias do Sul).
Locação de equipamentos de vídeo: Panda Filmes (Porto Alegre).
Locação de equipamentos de áudio: Linha de Produção (Porto Alegre).
Transporte: ONG Centro Social da Rua, Linha de Produção, Panda Filmes.
Direção de arte: Guga Produções.
Correção de cor: Guga Produções.
Finalização: Guga Produções.
Acessibilidade: Porta da Toca Estúdio (Porto Alegre).
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Realização: ONG Centro Social da Rua (Porto Alegre).
Captação de recursos: através do Pró-cultura RS Lei nº 13.490/2010 / SEDAC Secretaria de Estado da Cultura / Governo do Rio Grande do Sul.
Patrocínio: Vipal Borrachas.
Apoio: Argilando; EPA Escola Porto Alegre [EMEF Porto Alegre]; Theatro São Pedro; IAB Instituto de Arquitetos do Brasil.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à todas as pessoas em situação de rua e vulnerabilidade que emprestaram suas vozes para este filme. Agradecemos também às pessoas cujas vozes foram caladas nas cidades.
Agradecimentos: Claudia Dias, Cristiano Mittidiero, Daniel Pistorello Vieira, Douglas Pinto, Guaraci Lima, Henrique Roni, Jorge Martins, Lourdes Vieira, Luisa Leite, Lucas Poncione, Marcia Cristina, Maria de Cassia, Maria Cruz, Maicon Gomes da Costa, Marcelo Menezes, Milena, Paulo Ricardo Silva da Rosa, Rafael Becker da Silva, Raquel Silva, Taiane Andressa Rodrigues, Valter Ungethuem, Vladimir Paim Santos.
Paulo Roberto Camargo de Oliveira, presente.
Porto Alegre (RS): A todos os associados, voluntários, doadores e apoiadores da ONG Centro Social da Rua e do Projeto Banho Solidário POA. A todos os educadores sociais. Mocidade Independente da Lomba do Pinheiro, PF das Ruas, Pousada Garoa, Restaurante Prato Alegre / Projeto Amor, Sociedade Beneficente Geraldo Lomando, Sopão Solidário.
Rio de Janeiro (RJ): Karen Coutinho, Lilian Vaccari, Luana Enzweiler, Pedro Renan Marcondes, Rodrigo Penna.
Dedicatória: Uma homenagem a todos os peregrinos do Brasil.
FILMAGENS
Brasil / RS, em Porto Alegre, em lugares como: Albergue Dias da Cruz (Av. Ipiranga); Prato Alegre / Projeto Amor (R. Garibaldi); Praça da Alfândega.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:14:34 (YouTube)
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela:
Formato de captação:
Formato de exibição:
DIVULGAÇÃO
Assessoria de imprensa: Buda Comunicação.
DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa:
Contato: ONG Centro Social da Rua.
OBSERVAÇÕES
Grafias alternativas: Daniel Pistorello Vieira (identificação) e Daniel Pistorello Viera (agradecimentos) | Teatro São Pedro | Porta da Toca Studio Ltda. | Stodio Assessoria | LPM Com. de Arte. Esp. e Serviços Adm. Ltda.
Grafias alternativas (funções): Trilhas | Still
BIBLIOGRAFIA
Noticiário:
LISBOA, Juliana. ONG lança documentário que dá voz à população em situação de rua de Porto Alegre – Longa Cidadãos da rua – Eles têm voz terá sessões online de pré-estreia. Filme foi inspirado em pesquisa amostral realizada pela organização em dezembro de 2020. g1 RS, 9 set 2022.
[https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2022/09/09/ong-lanca-documentario-que-da-voz-a-populacao-em-situacao-de-rua-de-porto-alegre.ghtml]
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Exibições
• Porto Alegre (RS), Concha acústica do Theatro São Pedro, 28 ago 2022 [Dia do Voluntariado], dom (pré-estreia em evento presencial e fechado para a população de rua, trabalhadores da assistência social, voluntários e imprensa)
• Porto Alegre (RS), IAB-RS (R. General Canabarro, 363), 9 set 2022, sex, 19h30
• Porto Alegre (RS), YouTube,
9 set 2022, sex, 19h30 (debate sobre moradia, diversidade e gênero)
14 set 2022, qua, 20h
21, 28 set 2022, qua, qua (pré-estreias)
• Porto Alegre (RS), EMEF Porto Alegre (R. Washington Luiz, 203, Centro Histórico), 16 dez 2022, sex, 19h30 (especial para população em situação de rua e vulnerabilidade social)
• YouTube, disponível desde 16 jun 2025