Doutor Araguaia – A história de João Carlos Haas Sobrinho (2024)

Brasil (TO)
Longa-metragem | Não ficção
cor, 88 min

Direção: Edson Cabral.
Companhia produtora: TG Economia Criativa; MZN Filmes

Primeira exibição: São Leopoldo (RS), Cinesystem Shopping Bourbon (R. Primeiro de Março, 821, Centro), 13 nov 2024, qua, 19h30 (conversa com diretor + Sônia Maria Haas)

 

Em 2024-2025, um filme brasileiro alcançou enorme repercussão nacional e internacional de público e crítica, ao abordar o tema dos desaparecidos políticos, durante o período da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985). Ainda estou aqui (2024) descreveu o drama de Rubens Paiva (1929-1971), um engenheiro civil e ex-deputado federal que foi removido de sua própria casa por agentes do governo e nunca mais foi visto. Paiva foi morto por suas ligações com correligionários de esquerda que se opunham ao regime de exceção implantado na época. Lançado no mesmo período, Doutor Araguaia – A história de João Carlos Haas Sobrinho é um documentário com questão semelhante ao filme de Walter Salles, que investiga a jornada de um cidadão gaúcho que também teve a sua vida ceifada durante os anos de chumbo. Vindo de uma família descendente de alemães, natural de São Leopoldo, Haas Sobrinho teve educação jesuíta e foi apontado como um brilhante aluno de Medicina por seus colegas da UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Logo após a decretação do Golpe de 1964, ele foi preso por conta de sua atuação como presidente do Centro Acadêmico Sarmento Leite, órgão estudantil simpático ao presidente deposto, João Goulart (1919-1976). Pouco tempo após sua soltura, o jovem médico decide morar em São Paulo, onde encontraria mais oportunidades profissionais e perspectivas de atuação política – inclusive como filiado ao PCdoB Partido Comunista do Brasil.

No centro do país, João Carlos Haas Sobrinho amplia a sua rede de contatos e chega a viajar para o exterior ao lado de companheiros de causa – participando de treinamentos de guerrilha na China. Ao retornar para sua nação, o gaúcho decide atuar em pequenos municípios do interior, como Porto Franco (no Maranhão) e Xambioá (no Tocantins). Neste ponto, a produção oferece importantes depoimentos de pessoas que conheceram João Carlos e testemunharam suas importantes contribuições para o avanço da Medicina, especialmente numa época em que não existia o SUS Sistema Único de Saúde. De acordo com os relatos, centenas de vidas teriam sido salvas pelo profissional, lembrado por uma conduta muito humanizada no tratamento das pessoas. No entanto, o acirramento da ditadura, motivado pela promulgação do AI-5 em 1968, gera uma nova mudança de planos – que resulta na adesão de Haas Sobrinho à Guerrilha do Araguaia. Ele muda de nome (Juca) e passa a colaborar com a formação de uma rede de resistência ao regime, que tinha por objetivo construir um processo revolucionário a partir da instrução do povo, no campo. A estratégia é identificada pelos generais, que utilizam toda a estrutura à sua disposição para neutralizar o movimento, ao ponto de eliminar vários de seus integrantes.

Acredita-se que João Carlos Haas Sobrinho tenha sido morto em 30 de setembro de 1972, após confronto armado com soldados do Exército. Seus restos mortais, porém, nunca foram encontrados – e tampouco devolvidos para a família, que precisou lidar com a perda de forma silenciosa/dolorosa. Em 2019, os parentes conseguiram modificar a certidão de óbito oficialmente fornecida, responsabilizando o Estado brasileiro por homicídio. Realizado pela, o projeto do filme foi contemplado com recursos da Lei Paulo Gustavo, e teve gravações em seis estados (São Paulo, Maranhão, Pará, Tocantins, Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal). O título Doutor Araguaia é inspirado em história em quadrinhos homônima, criada por Diego Moreira e Gabriel Kolbe, publicada em 2023.

Foram ouvidos nomes como José Genoíno, que conviveu com Haas Sobrinho. Em território gaúcho, foram entrevistados políticos conhecidos como Jussara Cony e Raul Carrion. Mas a grande personagem que ajuda a compor a narrativa é Sônia Maria Haas, a incansável irmã de João Carlos, que passou toda a vida tentando ressignificar a existência do familiar. Publicitária que reside na Bahia, Sônia ajudou a conceber o roteiro e se tornou amiga pessoal do diretor Edson Cabral, um administrador, poeta e dramaturgo responsável por várias peças de teatro no Tocantins. Membro da Academia Palmense de Letras, Cabral é dono da produtora TG Economia Criativa [TG Taquaruçu Garden]. Este é o seu primeiro longa-metragem.

Sinopse


Cartelas que antecedem o filme:
// "... João Carlos não pertence apenas ao Rio Grande do Sul. Sua luta e seu legado são também parte da história de Porto Franco, do Bico do Papagaio e de toda a nossa gente..." – Deoclides Macedo – Porto Franco, MA. //
// "... A luta da Família Haas – magistralmente encabeçada pela Sônia Haas, que é uma personagem instigante no filme, é hercúlea e inspiradora..." – Deyze dos Anjos – presidente da UNEGRO-TO. //
// "Muitas gerações e inclusive a nossa juventude tem no exemplo dos heróis e heroínas do Araguaia, uma fonte que os inspira e motiva ao engajamento da luta social e política pela construção de um mundo novo". – Luciana Santos – presidente do PCdoB. //
// "... não houve velório, não houve enterro, não houve corpo. Apenas o silêncio, interrompido por fragmento de ex-companheiros do PCdoB..." – Jana Sá – jornalista. //

Epígrafe: "Nenhum sacrifício será feito em vão". – João Carlos Haas.

Um promissor médico gaúcho de classe média e sólida educação jesuíta, com forte vocação para ajudar aos mais necessitados. Fervoroso defensor da democracia e profundo amor ao seu país, tem sua vida alterada pelo golpe militar de 1964. Preso por ser presidente do DCE de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul consegue concluir seu curso e avisa a família que irá prosseguir seus estudos em São Paulo. Ao chegar na capital paulista filia-se as fileiras do PCdoB e parte com outros companheiros para treinamento militar e estudos sobre estratégia militar e guerrilha na China. Driblando a CIA, retorna ao Brasil e passa a exercer medicina comunitária e popular na região do Bico do Papagaio. Constrói profundos laços de amizade e salva centenas de vidas na pequena cidade de Porto Franco, na divisa do Maranhão com o então norte goiano, hoje Tocantins. Agrava-se a repressão e censura. Os militares apoiados pela CIA passam a torturar e perseguir os opositores do regime. Com risco de vida, o jovem médico engaja nas Forças Guerrilheiras do Araguaia. Em 30 de setembro de 1972 é morto em combate. Seu corpo nunca foi encontrado, apesar de todos os esforços da sua irmã caçula Sônia Maria Haas. Essa história de amor e dor – a trajetória/atuação de João Carlos Haas Sobrinho, o Juca, nosso amado DOUTOR ARAGUAIA é contada nas vozes de quem conviveu com ele, em especial as centenas de pessoas que foram tratadas com carinho, ternura e respeito.

Cartelas finais: // João Carlos Haas Sobrinho foi morto em combate com as forças armadas da Ditadura Militar, em 30 de setembro de 1972. / A Lei 9140 de 1995, determinou que fossem entregues aos familiares os atestados de óbito das vítimas das Ditadura. / Em 2019 essas Certidões de Óbito foram corrigidas. / Dessa forma, agora consta que o médico João Carlos Haas Sobrinho, na realidade, foi morto pelo Estado Brasileiro. / Seus restos mortais nunca foram entregues à família, nem os arquivos da Ditadura. //

Ficha técnica


IDENTIDADES
Ordem de identificação:
Sônia Maria Haas (irmã de João Carlos),
Elena Haas Chemale (irmã de João Carlos; na Praia do Curumin, RS),
Maria Luíza Linck (prima de João Carlos; em São Leopoldo),
Tania Maria Haas Costa (irmã de João Carlos; em São Leopoldo),
dr. Cláudio Lacks Eizirik (amigo de Faculdade, professor emérito de Psiquiatria – UFRGS; em Porto Alegre),
Adalberto Frasson (em Porto Alegre),
Raul Carrion (em Porto Alegre),
Jussara Cony (secretária do Curso da época, amiga do partido PCdoB; em Porto Alegre),
dr. Bruno Costa (amigo e companheiro de militância de João Carlos; em Porto Alegre, na sua residência),
Ildefonso Haas (irmão de João Carlos; na Praia do Curumin, RS),
André Cruz Haas (sobrinho de João Carlos; na Praia do Curumim, RS),
Everton Vieira (sobrinho de João Carlos; na Praia do Curumim, RS),
Michéas Gomes de Almeida 'Zezinho do Araguaia' (ex-guerrilheiro; em São Paulo, na Fundação Maurício Grabois),
José Genoíno (ex-guerrilheiro; em São Paulo, na sua residência),
Luciana Santos (ministra e presidente do PCdoB; em Brasília),
Vanessa Domingues (socióloga – Polo Universitário Darcy Ribeiro; em Porto Franco, MA),
Vaner Marinho (amigo de João Carlos; em Porto Franco, MA),
Fortunato Macedo Filho (amigo de João Carlos; em Porto Franco, MA),
Elenir, Políbio Cavalcante, Irlene Marinho, Dinorah Cavalcante (amigos de João Carlos; em Porto Franco, MA, na rua onde ficava a residência de João Carlos),
Joaquim Queiroz (amigo de João Carlos; em Palmas, TO),
Expedito (secretário de João Carlos; em Porto Franco, MA, na Praça Getúlio Vargas),
Joana Rocha (amiga de João Carlos; em Porto Franco, MA, na Praça Getúlio Vargas),
Izete Santana (amiga de João Carlos; em Porto Franco, MA, no Posto Avançado da UEMA),
Neilton Araújo (médico pioneiro na região; em Palmas, TO, na orla do Rio Tocantins, Praia da Graciosa),
Nésio Fernandes (médico sanitarista; em Brasília, em estúdio, Asa Norte),
Fernando (amigo de João Carlos; em Porto Franco, MA, em igreja católica),
Osvaldo Bertolino (jornalista e historiador; em São Paulo, na Fundação Maurício Grabois),
Criméia de Almeida (ex-guerrilheira; em São Paulo, na sua residência),
Romualdo Campos Pessoa (historiador e professor doutor; em Brasília, em estúdio, Asa Norte),
Márcio Jerry (deputado PCdoB-MA; em Brasília, em estúdio, Asa Norte),
Jandira Feghali (médica e deputada do PCdoB; em Brasília, em estúdio, Asa Norte),
Alejandro Guerrero (estudante e líder da UEERS Dr. Juca; em São Leopoldo),
Paulete Souto (presidente do PCdoB de São Leopoldo; em São Leopoldo),
Walter Sorrentino (presidente da Fundação Maurício Grabois; em Brasília, em estúdio, Asa Norte),
Martina Valim (médica, neta da prima Maria Linck; em Brasília, no Sindicato dos Professores do DF).
Arquivo: Michéas Gomes de Almeida 'Zezinho do Araguaia'.
Narração: Elvira Coelho, Odilon Camargo (Narrador Personagem), Hamilton Pereira ("Poema-prólogo").
Creditados, mas não identificados (São Leopoldo e Porto Alegre): Airton dos Santos da Silva Júnior, Alice Bemvenut, Ana Clara dos Santos Chemale, Andrezo Carolino Barreto da Silva Schromm, Ary José Vanazzi, Aurélio Strack, Beatriz Regina Felippsen (avó da garotinha Lara), Bruno de Mello, Carlos André Cardoso Dahn, Clarissa Cristiane D'Avila Nogueira, Daniel Passaglia Junior, Diego Moreira dos Santos, Elisabeth Baldwin, Elvira Coelho Hoffmann, Gustavo Chemale, Isadora Cabral de Melo Abrahão, James Silva da Cunha Castro, Janaina Evanete Souto, Janaina Linck, José Ivo Follmann, Márcio Linck, Maria Luiza Chemale, Maria Luiza de Oliveira, Marta Haas, Paloma de Oliveira Batista, Pedro Gilberto Gomes, Raquel de Azevedo, Rita de Cássia Estroice, Ronaldo Miro Zülke, Sandra Chemale, Silvana Maria Haas, Sirlei Rejane Vale Bittencourt, Solon Eduardo Alves Viola, Valmir Sebastião Nunes da Silva, Valter Frasson, Wilma Maria da Cruz.

DIREÇÃO
Direção: Edson Cabral.

ROTEIRO
Argumento e pesquisa: Sônia Maria Haas, Odilon Camargo.
Roteiro: Edson Cabral, Sônia Maria Haas, Odilon Camargo.
Assessoria histórica e bibliográfica: Osvaldo Bertolino, Fernando Garcia, Adalberto Monteiro, Felipe Spadari.
Poema: "Poema-prólogo", de Pedro Tierra.

PRODUÇÃO
Produção:
Assistência de produção: Lúcia Mendes, Marilia Mendes, Paulo Ricardo Mayer de Matos.
Assessoria jurídica: Mariana Mendes.
Assistência administrativo: Mariana Mendes.

FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Hermes Macedo.
Operação de câmera: Alessandra Stropp, Equipe Pupila (UnB) / Hermes Macedo, Jardel Florêncio, Ney Carneiro.
Operação de drone (Porto Franco, MA): Luís Ricardo Menezes da Silva.
Operação de drone (São Leopoldo, RS): Claudio Santos.

ARTE
Desenho HQ Doutor Araguaia: Diego Moreira, Gabriel Kolbe.

SOM
Som: não creditado.

MÚSICA
Músicas:
• "Brasil que canta o coco" (Genésio Tocantins, Edson Cabral)
• "Doutor Juca" (Dorivã Borges, Sônia Maria Haas, Edson Cabral, Odilon Camargo)
• "Negrinho do Pastoreio" (música, letra: Barbosa Lessa; toada), arranjo: César Haas
• "Meu Rio Araguaia" (Marcelo Barra, Rinaldo Barra)
• "Canção do desaparecido" (música, letra: Raul Ellwanger)
• "Canção das forças guerrilheiras do Araguaia" (Nacha Moretto, Jorge Menares)

ARQUIVO
Citações:
Fotografias.
Cartas enviadas por João Carlos Haas Sobrinho.
Herma de João Carlos Haas Sobrinho em São Leopoldo.
Livro: LOBATO, Monteiro. História do mundo para crianças.

FINALIZAÇÃO
Montagem: Alessandra Stropp, edt. / Banda Larga Filmes (São Sebastião, SP).

Animação gráfica: Mykael Sobreira da Luz, Juliano Parente da Silva.

Edição e finalização: Luiz Gustavo de Castro e Silva, Victor Hugo Araújo Rua, Guilherme Góis, Diego Góis Mazaron, Márcio José Mazaron, Felipe Rodrigues da Costa, Rafhael Franch Passarinho Lima, Rodrigo de Almeida.

Desenho de som: Diego Bonadiman Goltara.

ACESSIBILIDADE
Intérprete tradutora de LIBRAS Língua Brasileira de Sinais: Camila Pinheiro.
Legendagem em espanhol: Jardel Florêncio.

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: TG Economia Criativa (Palmas, TO); MZN Filmes (Palmas, TO).
Financiamento (BR>TO): Edital 001/2023. Recursos do MinC Ministério da Cultura – Governo Federal – Brasil – União e reconstrução, repassados por meio da LPG Lei Paulo Gustavo Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022. Realização: Secretaria da Cultura / Governo do Tocantins – Trabalhando e cuidando de todos.
Apoio cultural: Prefeitura Municipal de São Leopoldo (RS) – Construindo uma cidade melhor; Prefeitura de Porto Franco (MA) – Trabalhando por dias melhores; Fundação Maurício Grabois (São Paulo) – PCdoB.
Contribuição cultural e apoio logístico: Museu Histórico Visconde de São Leopoldo (RS); Museu do Trem; CTG Lomba Grande; o Aurélio Strack; Instituto Humanitas / UNISINOS; Faculdade de Medicina / UFRGS; Cemitério Ecumênico de São Leopoldo; Academia de Letras de Imperatriz (MA); Universidade Federal do Norte do Tocantins; Universidade Estadual do Maranhão; Acervo Digital Comissão da Verdade; Ministério dos Direitos Humanos; Acervo Fotográfico Digital Biblioteca Nacional; Acervo Fotográfico Digital Congresso Nacional; Acervo Fotográfico Família Haas; Grupo de Pesquisa de Literatura de Resistência da Região do Araguaia (TO/PA/MA).
Grupo de Pesquisa de Literatura de Resistência da Região do Araguaia (TO/PA/MA): Kayla Pacheco, Rute Santos, César Figueiredo, Maria Leal, Luiza Silva, Hamilton Pereira, Victória Grabois, Nilmário Miranda, Eduardo Manzano, Heloisa Manzano, Irlene Marinho, Ruideval Miranda Moura, Chácara Grande Rio (Xambioá, TO).

AGRADECIMENTOS
Agradecimento: Grupo Jaime Câmara (Goiânia, GO; Palmas, TO) / Arquivo TV Anhanguera.

FILMAGENS
Brasil /
RS, em São Leopoldo; Novo Hamburgo, no CTG Lomba Grande; Porto Alegre, em lugares como: Faculdade de Medicina da UFRGS; Praia do Curumim.
DF, em Brasília;
SP, em São Paulo;
TO, em Palmas; Xambioá
MA, em Porto Franco; Imperatriz;
PA, em São Geraldo, na Vila Santa Cruz;
BA, em Salvador, em lugares como: residência de Sônia Maria Haas e no Festival Vermelho do PCdoB.

ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:27:48
Som:
Imagem: cor-pb
Proporção de tela:
Formato de captação:
Formato de exibição:

DIVULGAÇÃO

PREMIAÇÃO


DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa: 14 anos.
CPB Certificado de Produto Brasileiro: B2500070300000 / ANCINE Agência Nacional do Cinema.
Contato: TG Economia Criativa.

OBSERVAÇÕES
Grafias alternativas: Edson Cabral de Oliveira (nome completo) | Sônia Maria Haas e Sônia Haas | Elena Haas Chemale (identificação) e Elena Maria Haas Chemale (créditos finais) | Adalberto Frasson (i) e Adalberto Luiz Frasson (f) | Raul Carrion (i) e Raul Kroeff Machado Carrion (f) | Jussara Cony (i) e Jussara Rosa Cony (f) | Bruno Costa (i) e Bruno Mendonça Costa (f) | Ildefonso Haas (i) e Ildefonso José Haas (f) | André Cruz Haas (i) e André Augusto Cruz Haas (f) | Everton Vieira (i) e Everton Wilbert Vieira (f) | Zezinho do Araguaia (i) e Michéas Gomes de Almeida 'Zézinho do Araguaia' (f) | Dona Elenir (i) e Elenir (f) | Dona Joana Rocha (i) e Joana Rocha (F) | Irlene Marinho Monteiro (i) e Irene Marinho Monteiro (f) | Nésio Fernandes (i) e Nésio Fernandes de Medeiros Junior (f) | Osvaldo Bertolino (i) e Oswaldo Bertolino (f) | Criméia de Almeida (i) e Criméia Alice Schmidt de Almeida (f) | Romualdo Campos Pessoa (i) e Romualdo Pessoa (f) | Paulete Souto (i) e Paulete Terezinha Souto (f) | Martina Valim (i) e Martina Oliveira Valim (f) | Organização Jaime Câmara | Betriz Regina Felippsen | Mácio José Mazaron
Grafias alternativas (funções): Cinegrafista | Trilha sonora | Voz over |

BIBLIOGRAFIA
MOREIRA, Diego; KOLBE, Gabriel. Doutor Araguaia – A história de João Carlos Haas Sobrinho. São Paulo: Alameda Editorial, 2023. 54p. il. Prefácio: Sônia Maria Haas. [HQ]

Noticiário:
PAZ, Walmaro. Documentário sobre médico gaúcho morto pela ditadura será lançado esta semana no Rio Grande do Sul – Roteiro de Doutor Araguaia foi escrito por Sônia Haas, irmã de João Carlos, que há 50 anos busca seus restos mortais. Brasil de Fato, Porto Alegre, 12 nov 2024.

Exibições


• São Leopoldo (RS), Cinesystem Shopping Bourbon (R. Primeiro de Março, 821, Centro), 13 nov 2024, qua, 19h30 (conversa com diretor + Sônia Maria Haas)

• Porto Alegre (RS), Casa Diógenes de Oliveira (R. Lopo Gonçalves, 495, Cidade Baixa), 16 nov 2024, sab, 18h30 (conversa com diretor + Sônia Maria Haas)

• Porto Franco (MA), IEMA (Beira-rio), 24 nov 2024, dom, 18h30

• Imperatiz (MA), Auditório da UFMA (Centro), 26 nov 2024, ter, 19h30

• Araguaína (TO), UFNT Centro de Ciências Integradas, 27 nov 2024, qua, 19h30

• Palmas (TO), Cinex Shopping Palmas, 17 dez 2024, ter, 19h30

• Olinda (PE), Mostra de Cinema da 14ª Bienal da UNE [29 jan-2 fev], CECON-PE Centro de Convenções de Pernambuco (Av. Professor Andrade Bezerra, Salgadinho) Teatro Beberibe, 30 jan 2025, qui, 9h (+ Quando falta o ar)

• Natal (RN), Espaço Rampa, 31 jan 2025, sex, 19h

• Porto Alegre (RS), Mini Mostra Memórias do golpe [31 mar-1º abr], Sala Redenção, 31 mar, 1º abr 2025, seg, 19h, ter, 16h (debate com diretor + Sônia Maria Haas + professor Nilo Piana de Castro)

• Lisboa (PT), LISBIFF 4º Lisboa Indie Film Festival / Festival Internacional do Filme Independente de Lisboa, 2025

Arquivos especiais


Depoimento do diretor Edson Cabral:

"Nenhum sacrifício será feito em vão". – João Carlos Haas.

Desde a primeira vez que conversei com Sônia Haas percebi sua determinação, coragem e a resiliência de quem completa cinco décadas a procurar informações do seu querido irmão mais velho que nunca mais retornou, tornando seus domingos em dias tristes, vazios e melancólicos.

No início dos anos 70, residia no Setor Militar Urbano em Brasília e, apesar de ser uma criança, acompanhávamos os "sussurros" dos militares a respeito de uma tal "guerrilha" que se desenvolvia na região do Bico do Papagaio. O Brasil vivia um regime de exceção. Foi um período de horrores, barbarias, torturas e silêncio daquela ditadura que perdurou por vinte e um anos em nosso País. Os militares e comparsas do Golpe, afirmavam "Brasil – Ame-o ou deixe-o".

O interesse pela história me consumiu anos de estudos e pesquisas, em especial após a redemocratização do Brasil. E, por uma dessas curiosas e inexplicáveis minúcias da vida, Sônia e seu companheiro Odilon tornam-se amigos de pautas democráticas, literatura, respeito à vida e na luta que une o amor, a cultura e a busca da verdade em práticas imprescindíveis para se viver de forma justa, igualitária e fraterna.

Assim, entre buscas e diálogos, descobrimos inúmeros amigos e pacientes que foram atendidos pelo médico gaúcho, em seu hospital comunitário de Porto Franco. Daí surgiu a ideia do documentário Doutor Araguaia. Mas o documentário precisava falar do ser humano João Carlos e, assim, foram 36 meses de muito trabalho para urdir 82 anos de histórias e legados para este projeto. E, assim, foi possível juntar os arquivos e os anos de procura e pesquisa da Sônia Haas com meu entusiasmo, fascínio e curiosidade pela epopeia da Guerrilha do Araguaia.

Dois vazios exigiam respostas. O vazio, a saudade e a perplexidade dos familiares e amigos do sul e a saudade e a incompreensão dos amigos, pacientes e familiares do norte que tiveram suas vidas transformadas e salvas por um brasileiro exemplar. Era necessário unir esse turbilhão de amor, carinho e admiração e, assim, oferecer respostas para essas curiosas e atípicas saudades. Foi a forma como pensei e construir, com a colaboração imprescindível da Sônia e da Fundação Maurício Grabois, para trazer a verdade, sem precisar utilizar-se das exaustivas narrativas de opressão, tortura e violência.

Em suas andanças João Carlos exerceu a medicina em São Paulo e, após se oferecer para participar da Guerrilha do Araguaia, recebe dos líderes do PCdoB, a missão de participar dos treinamentos de guerrilha na China e, após o retorno ao Brasil, é designado para ser o primeiro médico da região do Bico do Papagaio. Porém, a descoberta dos focos de guerrilha e a perseguição dos opositores ao regime, obriga o médico a se engajar na luta armada nas selvas do Pará.

Na clandestinidade surge Juca, o "bula-chefe" das Forças Guerrilheiras do Araguaia. Em 30 de setembro de 1972 ele caiu, mas inicia o legado do Doutor Araguaia, o guerrilheiro que melhor representou os ideais da epopeia daqueles jovens brasileiros.

Pra mim ressignificar a história de João Carlos, o guerrilheiro Juca, nosso amado DOUTOR ARAGUAIA, é um dever democrático com o meu País.

Após meses de leituras de livros, relatórios e documentos e, principalmente as dezenas de entrevistas realizadas nas cidades de Brasília, São Paulo, Porto Franco, Xambioá, São Geraldo, Goiânia, São Leopoldo e Porto Alegre, emocionado pelos depoimentos de familiares, amigos, pacientes, ex-guerrilheiros, camponeses, estudiosos e lideranças do PCdoB afirmo, com convicção: OS VENCIDOS FORAM OS VENCEDORES.

Que nosso documentário faça justiça a todos aqueles que ousaram enfrentar, com armas simples, amor ao próximo e a convicção dos seus ideais, os canhões e a arrogância dos torturadores.

Na certeza que o documentário Doutor Araguaia será um instrumento de reflexão, voz ativa na defesa dos direitos humanos, tornando-se um guardião para que a história não se repita, é necessário que toda a fotografia captada; toda paisagem registrada nas belas praias e matas dos rios Araguaia e Tocantins; todos os recursos de áudio e, principalmente, as emoções colhidas nas entrevistas possam ser assistidas, refletidas e compartilhadas por aqueles que ainda sonham com justiça e acreditam na força da democracia brasileira.

Como citar o Portal


Para citar o Portal do Cinema Gaúcho como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
Doutor Araguaia – A história de João Carlos Haas Sobrinho. In: PORTAL do Cinema Gaúcho. Porto Alegre: Cinemateca Paulo Amorim, 2025. Disponível em: https://www.cinematecapauloamorim.com.br//portaldocinemagaucho/2355/doutor-araguaia-a-historia-de-joao-carlos-haas-sobrinho. Acesso em: 15 de junho de 2025.